Por Elizabeth Nickel
Quem acha que a psicologia organizacional é um campo recente, se engana. Lá atrás, em 1899, despontaram os primeiros estudos sobre a fadiga, mal que acomete muitos trabalhadores. Desde então, essa área de estudo, aliada ao crescimento mundial das indústrias, se tornou uma área de foco para a psicologia, que passou a buscar entender o funcionamento do cérebro humano em relação ao trabalho.
Durante o pós-guerra, nos anos 50, o cenário não era muito animador para quem queria ter um emprego e uma saúde mental estável. Nesta época de expansão do capitalismo, quase um terço dos trabalhadores americanos morreram por conta de ataques cardíacos em razão de suas árduas horas de trabalho. Assim nasceu a área de recursos humanos moderna como conhecemos hoje, que antes não possuía o atributo de se preocupar com o bem-estar das pessoas.
Hoje em dia, temas como ansiedade, síndrome do burnout, depressão e até suicídio são pautas trazidas pelo RH para suas corporações com o intuito de cuidar cada vez mais da felicidade e bem-estar dos seus colaboradores. Em 2018, empresas como PepsiCo, Microsoft e Facebook mostraram para o mundo que inovar suas políticas e práticas do setor de RH é mais simples do que parece e auxilia as empresas a contratarem melhor e aumentar a produtividade dos colaboradores.
Um levantamento feito em 2021 pela Kenoby, startup de seleção e recrutamento digital, mostra que dos 488 profissionais de RH entrevistados, em 67% das companhias onde eles atuam houve colaboradores afastados por problemas emocionais.
Além disso, um estudo recente da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostra que uma a cada cinco pessoas no trabalho pode sofrer de algum problema de saúde mental. E ainda há quem diga que devemos separar o emocional do profissional. Como seria possível separar estas áreas quando ambas impactam diretamente uma na outra? Quando algo não vai bem na saúde mental, é notável que isso impacte diretamente no trabalho, causando perda de produtividade, queda na qualidade, podendo acarretar muitas vezes até em ausências.
A ideia da psicologia organizacional, unida ao RH dentro das empresas, é ser responsável pelo desenvolvimento de estratégias avaliando sempre os efeitos dos ambientes empresariais no psicológico dos funcionários. Além disso, também é responsável por manter a qualidade do clima organizacional, com boas condições de trabalho e equipes motivadas.
Por que as empresas devem adotar novas medidas de RH e implantar a psicologia organizacional? Boas condições de trabalho somado a colaboradores com uma saúde mental equilibrada é a fórmula do crescimento saudável para uma empresa, seja ela pequena, média ou grande. O primeiro passo para que isso aconteça? Começar a escutar e acolher os colaboradores com suas dores.
Elizabeth Nickel é psicóloga especializada em gestão de recursos humanos e analista de treinamento e RH na BiUP Educação. Formada há 25 anos em psicologia, pós-graduada em metodologia do ensino superior, possui MBA em gestão de recursos humanos e é especialista em metodologia para PNE (portadores de necessidades especiais).