Cuidando dos que cuidam de nós

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entrevista_430Brasileiro é eleito coordenador de comitê da ICOH, entidade que formula diretrizes em prol dos profissionais da saúde 

Todo hospital tem como objetivo fundamental acolher e cuidar de pessoas doentes. No entanto, paradoxalmente, o ambiente hospitalar também é considerado insalubre, penoso e perigoso para os profissionais que ali atuam. Por essa razão, esses estabelecimentos devem ser submetidos a uma rigorosa identificação e quantificação dos fatores de risco, visando a promoção de meios adequados para preservar a saúde dos trabalhadores.Na tradicional e respeitada Comissão Internacional de Saúde Ocupacional (ICOH, na sigla em inglês) há inclusive um comitê dedicado aos trabalhadores da saúde, cujo novo coordenador é o médico brasileiro Ruddy Cesar Facci, eleito durante o mais recente congresso trienal da entidade, realizado em junho na Coreia do Sul. A ICOH é uma organização não-governamental criada em 1906 com o objetivo de promover o progresso científico e disseminar conhecimentos mundo afora por meio de seus 36 comitês científicos, sendo referência inclusive para a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) em temas relacionados a sua área de atuação.

Facci é especialista em medicina do trabalho pela Associação Médica Brasileira e pelo Conselho Federal de Medicina. Membro da Academia Nacional de Medicina do Trabalho, foi presidente da Associação Paranaense de Medicina do Trabalho e da Associação Brasileira de Empresas de Saúde e Segurança no Trabalho (Abresst), além de vice-presidente da ICOH. Atualmente é também diretor presidente do Grupo INSAT.
Em 2003, quando o Brasil sediou pela primeira vez um congresso internacional da ICOH, Facci foi o presidente do encontro. Na entrevista a seguir ele fala sobre as ações do comitê em âmbito internacional, analisa as discussões e diretrizes propostas visando evitar riscos biológicos, químicos, psicológicos e ergonômicos dos profissionais de saúde.Quais são os objetivos da ICOH?
A ICOH é uma entidade não governamental de profissionais de saúde e segurança, que busca fomentar o progresso científico, conhecimento e desenvolvimento da saúde e segurança ocupacional em todos os sentidos. Foi fundada em 1906 em Milão, Itália, como a Comissão Permanente de Saúde Ocupacional. Hoje, ICOH é a principal sociedade científica internacional do mundo no campo da saúde ocupacional com uma adesão de mais de cinco mil  profissionais e está presente em 93 países. Ela tem estreitas relações de trabalho com a OIT, a OMS e demais organizações internacionais. E as atividades de destaque da Comissão são os trienais Congressos Mundiais sobre Saúde Ocupacional, que são frequentados por milhares de participantes. Ela possui 36 comitês e cada um se dedica a um assunto específico de saúde e segurança.

Qual a importância da ICOH?
A ICOH apresenta normas e diretrizes que influenciam as normas profissionais e de ética dos trabalhadores de cada país. Nesse último Congresso Mundial sobre Saúde Ocupacional, ocorrida em junho na cidade de Seul, fui eleito para este triênio como coordenador do Comitê Internacional de Saúde Ocupacional para Trabalhadores da Saúde, que assessora a OIT e a OMS. É um grupo que trabalha especificadamente com os profissionais de saúde, elaborando normas internacionais e diretrizes para a proteção da saúde e a segurança de quem cuida da saúde das pessoas. Essas diretrizes foca a parte da legislação de cada país por ser uma entidade internacional, ou seja, cada país tem a sua legislação. O que tentamos ver são os pontos comuns em todas as legislações para sugerir normas, bem como políticas e programas de saúde no trabalho para uma melhor qualidade de vida do trabalhador. Não sou o único brasileiro na Comissão, mas se refletirmos no contexto latino-americano, principalmente pela relevância de sua dimensão técnica científica, ter uma representatividade do Brasil como a de outros países da América do Sul na ICOH permitirá maior visibilidade às questões relacionadas ao setor no continente.Como o Comitê que o senhor coordena atua?
De diversas formas. Pesquisas, estudos, promoção do progresso científico, conhecimento e desenvolvimento da saúde ocupacional de trabalhadores da saúde, em uma base internacional, propondo assuntos relacionados à saúde e segurança em hospitais, desenvolvendo diretrizes, boas práticas na proteção desses trabalhadores. No ano passado quando surgiu a epidemia do ebola, por exemplo, nosso comitê fez um trabalho brilhante mostrando e esclarecendo os métodos de prevenção para não haver contaminação de médicos e enfermeiros que foram trabalhar em locais com casos da doença. Também, na ocasião da H1N1, o comitê também apresentou a sua opinião sempre voltado para o profissional de saúde. O comitê trabalha com a parte física e com a parte do nosso aprimoramento nos seus encontros anuais.

Por Débora Luz
Leia a entrevista na íntegra na Revista CIPA – edição 430 

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