Alcoolismo é um dos maiores responsáveis por pedidos de afastamento em São Paulo

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De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), o consumo de álcool no Brasil supera a média mundial e apresenta taxas superiores às de mais de 140 países. A bebida cria dependência e pode levar ao desenvolvimento de outras 200 doenças. Segundo dados divulgados recentemente pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), São Paulo foi o Estado que registrou em 2013 o maior número de pedidos de afastamento em decorrência das enfermidades causadas pelo álcool, com 4.375 auxílios-doença concedidos.

“O consumo abusivo de bebida alcoólica, além de perigoso por afetar a coordenação e os reflexos, tem impacto na produtividade do trabalhador. A tendência natural é o aumento do desemprego. E, diante do atual quadro de estagnação da economia, ser mandado embora só vai contribuir para agravar o quadro”, alerta Angela Nogueira Braga da Silva, coordenadora do setor de Serviço Social do Seconci-SP (Serviço Social da Construção).

Gastrite, cirrose hepática (que pode evoluir para câncer), impotência sexual ou infertilidade, infarto, trombose e demência são algumas das doenças relacionadas ao álcool. Considerado pela OMS como uma verdadeira epidemia, o alcoolismo e suas consequências são a terceira causa de mortes no mundo, atrás somente do câncer e das doenças cardíacas.

“Vale fazer referência também ao câncer de próstata para endossar a campanha de prevenção Novembro Azul”, lembra a profissional. Um estudo de 1995 do Prostate Cancer Prevention Trial, realizado nos Estados Unidos, avaliou associações entre o consumo de álcool (tipo de bebida alcoólica e padrão de consumo) e o risco de desenvolver câncer de próstata. A conclusão foi de que beber excessivamente (50 g de álcool/dia ou mais) leva a um risco significativamente maior de câncer de próstata de alto grau de malignidade.

Houve um avanço recente na abordagem do tema: a percepção de que álcool é droga hoje é uma realidade. Mas, ainda assim, muitas vezes os trabalhadores não percebem que abusam da bebida alcoólica. Além de aumentar o risco de acidentes de trabalho, esse hábito pode causar instabilidade emocional e, consequentemente, gerar violência; e também provocar quadros de nervosismo e depressão.

Entre as atividades realizadas pelo Seconci-SP no sentido de alertar os trabalhadores da construção para os perigos do consumo excessivo de álcool estão palestras nos canteiros de obra, grupos de apoio e orientação por meio de seu setor de Serviço Social. Apenas entre julho e outubro de 2015, foram realizadas 25 palestras para um total de 1.500 profissionais do setor, sobre drogas, DST/Aids, dengue, higiene e saúde da mulher.

O Seconci-SP mantém ainda dois Grupos Sociais de Apoio, um voltado a depressão, ansiedade e compulsão; e outro específico para dependentes químicos. “Os alcoólicos são bem-vindos nos dois grupos”, explica Angela. “Uma equipe multidisciplinar com psiquiatra, nutricionista, psicóloga e assistente social recebe e faz o acompanhamento desses pacientes.”

Segundo o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, de 50% a 60% da incidência de alcoolismo é genética e transmitida pela mãe. Esse é um fator importante, sobretudo entre as mulheres. Somando-se a isso o fato de que elas estão bebendo mais e cada vez mais cedo, a coordenadora do Seconci-SP recomenda que os pais conheçam de perto os hábitos de seus filhos adolescentes. “Se houver alguma desconfiança ou dúvida sobre como agir, o Serviço Social da instituição está apto a receber e orientar os trabalhadores da construção e seus familiares.”

2 Comentários
  1. Teresa Tiyoe Shimabukuro diz

    Bom Dia Ângela,

    Realmente a matéria é condizente com a realidade, pois trabalho na prefeitura de Osasco/Setor de Obras – e tenho conhecimento de vários profissionais e usuários que fazem uso de destilados no cotidiano e sabemos que isso já é Doença, mas os trabalhadores não veem como tal. Sabemos que a bebida por ser legalizada é muito difícil de ser combatida não é mesmo? a não ser para menores de idade… entretanto eles conseguem burlar essa proibição…
    Em novembro tivemos uma morte muito trágico com um dos nossos colaboradores, pois ele além de fazer uso da bebida pilotava moto, quando sofreu colisão vindo a perecer. Então podemos dizer que esses casos não está relacionado somente na Construção e sim em todos os lugares de trabalhos públicos ou privados.
    Abraços Teresa.

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