A indústria de calçados gera um grande volume de resíduos, sendo boa parcela com reconhecido potencial tóxico prejudicial à saúde humana e ao meio ambiente. A prevenção desses riscos, ainda pouco discutida no País, foi tema de uma pesquisa da especialista em Ciência Ambiental, Gabriela Amoroso Francisco, do Instituto de Energia e Meio ambiente da Universidade de São Paulo (USP).
Para fazer frente à forte concorrência não só no mercado interno, como também aos produtos importados, principalmente da China, as empresas passaram a oferecer calçados com grande diversidade de materiais e componentes, muitos deles com reconhecido potencial tóxico. Um calçado casual, por exemplo, incorpora cerca de 10 componentes, já um esportivo pode apresentar 60 itens ou mais.
Gabriela lembra que antigamente o couro era a principal matéria-prima utilizada pelo setor, “o que representa um problema, tendo em vista que o tratamento do couro envolve o uso do cromo, que é cancerígeno”. Outros materiais com potencial tóxico muito utilizados atualmente são os laminados e sintéticos, tecidos com corantes, borracha, plásticos, que também causam danos ao meio ambiente devido à baixa velocidade de biodegradação. A redução de custos é outra preocupação da indústria. A consequência é a terceirização de diversas etapas do processo produtivo para micro e pequenas empresas, pouco fiscalizadas, o que dificulta o controle da exposição dos trabalhadores, bem como a geração e descarte dos resíduos.
O trabalho de Gabriela também buscou identificar práticas já existentes voltadas para a prevenção dos riscos associados aos resíduos da indústria de calçados. Entre as iniciativas pesquisadas, surge uma nova tendência: os calçados veganos, que não utilizam matéria-prima de origem animal e são confeccionados com a preocupação de preservar a saúde humana e o meio ambiente. O estudo de Gabriela foi tema do podcast Podprevenir. Clique aqui para ouvir a entrevista na íntegra.
