Impactos das ações de SST na competitividade industrial

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Em entrevista à revista Cipa, Marcos Tadeu de Siqueira, diretor de Operações do Sesi, diz que o setor industrial está mais atento a implementar ações de SST

por Ana Claudia Machado

Investimentos em saúde e segurança no trabalho trazem impactos diretos na competitividade das empresas. Isso porque, em todas as áreas de atuação, o principal ativo de uma companhia é justamente sua força de trabalho. O setor industrial está atento a isso e, ano a ano, tem aumentado o valor da verba aplicada em ações preventivas. Uma pesquisa do Serviço Social da Indústria (Sesi), com 500 médias e grandes empresas, mostrou que, para 48% delas, ações para aumentar a segurança no ambiente laboral e promover a saúde de trabalhadores reduzem as faltas. Para 43,6%, esses programas aumentam a produtividade no chão-de-fábrica e 34,8% apontam que tais ações ajudam a diminuir custos.

“Uma empresa competitiva certamente possui boas práticas e ativa participação dos trabalhadores nos temas relacionados à saúde e segurança. Além disso, uma boa gestão de SST é pré-requisito para exportação e para participação da cadeia de fornecedores de grandes empresas nacionais e internacionais”, explica o diretor de Operações do Sesi, Marcos Tadeu de Siqueira. Na entrevista a seguir, ele comenta que a entidade tem buscado ajudar as indústrias a implementar ações preventivas que ultrapassam as exigências legais. Esse apoio é dado por meio de capacitação de profissionais na área de SST, consultoria especializada, divulgação de pesquisas e diversas outras ações.

Em relação à saúde e segurança no trabalho, quais são as questões que mais preocupam a indústria?
É fundamental que as normas de segurança e saúde no trabalho tenham um constante equilíbrio entre a necessária e irrenunciável proteção ao trabalhador e os seus impactos sociais e econômicos. Esse equilíbrio passa por uma fiscalização mais orientadora que punitiva; harmonização das legislações vigentes; procedimentos normativos mais claros, objetivos e uniformes; respeito aos princípios da segurança jurídica e a irretroatividade das normas; fixação de prazos condicentes para adequação das empresas às novas normatizações; e, essencialmente, estímulo à cooperação entre empregados e empregadores.

Quais têm sido as principais iniciativas da Confederação Nacional da Indústria e do Sesi voltadas a incentivar práticas de trabalho seguras?
Para a CNI, a agenda de segurança e saúde no trabalho é atualmente uma das mais importantes no âmbito das relações do trabalho. Fomentar o debate de políticas de prevenção, com a participação ativa em instâncias de representação e fóruns é uma forma sustentável de incentivar práticas de trabalho seguras. O aperfeiçoamento constante de instrumentos, como o Fator Acidentário de Prevenção (FAP), deve prever benefícios não só às empresas que investem em segurança e saúde, mas também aos segmentos econômicos que apresentam baixas taxas de acidentes. É necessário também que as regulações das normas de segurança e saúde no trabalho privilegiem a negociação coletiva, como um instrumento capaz de atender com eficácia as questões específicas de cada setor e a cooperação entre empregados e empregadores. O tema segurança e saúde no trabalho sempre esteve inserido na estratégia do Sesi. Por esse motivo, somos referência na disseminação de boas práticas. Estamos constantemente inovando, seja com os nossos clássicos serviços de engenharia de segurança e saúde ocupacional, com nossa relevante atuação em serviços de promoção da saúde ou até mesmo com o novo perfil do Sesi relacionado à consultoria em gestão da informação e consultoria integrada em SST e promoção da saúde. Em 2016, o Sesi iniciou a implantação de oito centros de referência voltados a solucionar os principais desafios da indústria. São eles: Higiene Ocupacional (RJ), Longevidade e Produtividade (PR), Ergonomia (MG), Inteligência e Gestão em SST (MS), Gestão do Absenteísmo e Reabilitação (BA), Tecnologias para SST (SC), Métricas para Saúde (CE) e Gestão de Fatores Psicossociais (RS). Esses centros de referência são pioneiros no Brasil e já estão desenvolvendo projetos inovadores. Para aumentar a abrangência e disseminar boas práticas de trabalho seguro, criamos os vídeos setoriais de SST para construção civil, frigoríficos, mineração e, mais recentemente, o programa Almanaque Saúde, que é transmitido pelo Canal Futura. O reconhecimento pelo nosso trabalho pode ser evidenciado pelo recebimento de diversas premiações do setor.

Como surgiu a ideia de criar esse programa, exibido desde novembro pelo Canal Futura, e de que forma ele contribui com a disseminação de boas práticas?
Surgiu da necessidade de propagar informações positivas a respeito da saúde do trabalhador. Sabemos que muitas empresas possuem ambientes de trabalho que promovem saúde, segurança e, consequentemente, maior produtividade. Queremos que essas boas práticas sirvam de exemplos para outras empresas. Disseminar conhecimento sobre saúde, qualidade de vida e segurança no trabalho é de fundamental importância para fazer com que mais pessoas melhorem o estilo de vida e adotem hábitos mais seguros. Isso permitirá que trabalhadores e futuros trabalhadores aumentem a produtividade e sejam pessoas mais satisfeitas com a vida e o trabalho. Consequentemente, as empresas terão mais condições de elevar sua competitividade.

Confira a entrevista na íntegra acessando
a revista Cipa (ed. 451 – abril/2017)

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