Assédio moral no home office tem sido problema constante entre líderes e equipe

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Por Carol Santana

Em razão da pandemia causada pela Covid-19, desde março a maioria das empresas teve que se adaptar e implantar o sistema home office. O formato de trabalho, que já é tendência nos países desenvolvidos, ainda é um assunto que divide opiniões entre líderes e companhias brasileiras. Isso acontece porque alguns gestores têm a falsa impressão de que o trabalho remoto é uma comodidade, ficando ainda mais difícil de coordenar suas equipes de forma eficaz. Com isso, diversas condutas radicais estão ocorrendo e elas podem ser vistas como assédio moral.

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) conceitua como assédio “toda e qualquer conduta abusiva, manifestando-se por comportamentos, palavras, atos, gestos ou escritos que possam trazer danos à personalidade, à dignidade ou à integridade física e psíquica de uma pessoa, pondo em perigo o seu emprego ou degradando o ambiente de trabalho”. Esses preceitos também valem para o ambiente virtual. Acúmulo de funções, aumento na carga horária de trabalho e/ou exigir tarefas fora do escopo do cargo são situações que podem ser perfeitamente caracterizadas como assédio moral.

Quando se fala de ambiente virtual existem, também, outras situações que se enquadram na questão. Um dos exemplos é a exigência de ligação da câmera nas videoconferências. O gestor que obrigar o colaborador a realizar essa função tem que estar ciente que trata-se de invasão de privacidade. Além disso, é contraproducente que os líderes imponham ao funcionário o envio de imagens da estação de trabalho no decorrer do dia, opinando sobre o lugar ou organização do local onde o colaborador está realizando suas atividades.

Outra característica a se atentar é o isolamento virtual. Isso acontece quando um colaborador tem suas ideias e sugestões ignoradas por todos ao longo de reuniões e conferências. Importante dizer também sobre a exposição do profissional perante aos demais colegas. Fazer críticas ou piadas a seu respeito nas redes sociais ou no chat interno são situações gravíssimas que podem trazer problemas para os gestores.

Em relação à cobrança de entrega das demandas, é importante os líderes identificarem se as metas impostas são tangíveis. Com o home office, a exigência de resultados impossíveis e a realização de tarefas muito abaixo/acima do cargo ocupado, cresceram de forma exponencial, e são esses tipos de cobranças que podem resultar em esgotamento físico e mental do colaborador, gerando pânico e outros transtornos psicológicos.

Para que empresas e gestores estejam alinhados com seus colaboradores e não tenham problemas futuros, é recomendado alinhar uma nova rotina entre líderes e equipe. Combinar horários e disponibilidade do funcionário é fundamental. Vale também definir cronogramas e prazos para a entrega de tarefas de forma prévia. Inclusive, caso seja necessário alguma colaboração além do horário, é indicado considerar sempre o limite físico e mental de cada membro.

Vale ressaltar que a orientação junto à equipe sobre a forma de atuação no trabalho remoto é uma responsabilidade da empresa. Por isso, mantenha uma comunicação clara e transparente. Criar uma circular para todos, com horários, condutas para reuniões virtuais e interações entre colaboradores e gerência é uma maneira para que todos possam trabalhar em harmonia, respeitando uns aos outros.

O funcionário que identificar situações de assédio moral tem a opção de notificar a empresa, que possui a obrigação de investigar a queixa. Caso a companhia não tome atitudes necessárias, o funcionário pode denunciar junto ao Ministério Público do Trabalho ou ingressar com uma ação judicial.

Carol Santana é gerente de Produtos Digitais da LEO Learning Brasil

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