Ano de 2015 corre o risco de ser o mais mortal para jornalista
O ano de 2015 está a caminho de ser o mais mortal para a mídia já registrado, de acordo com o projeto Death Watch, do Instituto Internacional de Imprensa (IPI, na sigla em inglês), que monitora as mortes de jornalistas ao redor do mundo desde 1997.
Sessenta e um jornalistas foram assassinador por razões ligadas a seu trabalho ou morreram em acidentes enquanto trabalhavam só neste ano. Esse cenário não inclui aproximadamente 54 jornalistas cujas mortes estão sendo revisadas pelo IPI para serem incluídas no Death Watch.
O número anual de jornalistas mortos diminuiu gradualmente desde 2012, quando a maior cifra atualizada tinha sido de 133 mortes. No entanto, com cerca de 115 mortes até meados de setembro, 2015 corre o risco de acabar como o ano mais perigoso para jornalistas de todo o mundo.
“Os números do IPI revelam o cenário alarmante em que jornalistas ao redor do mundo estão sendo cada vez mais visados por seu trabalho”, disse a Diretora Executiva do IPI Barbara Trionfi. “A morte de um jornalista é a mais horripilante forma de não apenas de silenciar um indivíduo ou a mídia de determinado país, mas também de negar ao público notícias e informações às quais tem direito.”
Ela acrescentou: “O grande número de casos sob revisão refletem a dificuldade em obter informações confiáveis sobre os motivos por trás das mortes de jornalistas, em grande parte devido a falha dos estados em abrirem e conduzirem adequadamente as investigações. A incapacidade, ou em alguns casos negligência, de levar criminosos a julgamento é o que continua alimentando esses crimes terríveis.”
Quinze dos 61 mortos confirmados no Death Watch resultaram de acidentes que aconteceram durante uma cobertura. O jornalista sírio Thaer al-Ajlani, por exemplo, morreu depois de ser ferido por estilhaços de um morteiro enquanto cobria confrontos entre grupos rebeldes e as forças pró-governo em Jobar. Outras mortes em campo incluem o jornalista do Sri Lanka Pryiantha Ratnayake, que foi esmagado por um elefante selvagem enquanto o filmava, e a jornalista da Zambia Priscilla Pkati, que morreu em um acidente de trânsito quando estava a caminho de cobrir uma pauta.
A esmagadora maioria de mortes neste ano, no entanto, foram intencionais e visaram profissionais marcados por sua profissão ou pelo conteúdo de suas reportagens. Ao redor do mundo, 46 jornalistas foram assassinados desde janeiro, muitos dos quais já tinham recebido ameaças de morte ou sido sequestrados.
O assassinato do radialista brasileiro Gleydson Carvalho enquanto fazia uma transmissão ao vivo, em agosto, e o vídeo angustiante que acompanhou a morte da jornalista colombiana Flor Alba Núñez Vargas quando ela entrava em seu estúdio de rádio, entre outros, demonstram a natureza descarada dos ataques e sublinham os riscos que os jornalistas correm para perseguirem suas histórias.
Das 61 mortes contabilizadas pelo Death Watch em 2015, quase um terço foi ligado ao Estado Islâmico, seja com execuções diretas ou devido a ferimentos durante a cobertura em áreas de conflito. Ao longo de 2014, vídeos correram a internet com cenas de decapitações, muitas delas de jornalistas, feitas pelo grupo. Reportar atividades do Estado Islâmico é extremamente perigoso, e só neste ano 19 jornalistas morreram nessa missão.
Todos os 13 jornalistas iraquianos mortos neste ano ou foram executados pelo Estado Islâmico ou morreram enquanto reportavam conflitos causados pelo grupo. Em maio, os militantes do EI executaram o repórter de televisão Firas Al-Bahri, que ficou preso em cativeiro por três semanas após se recusar a entrar para o grupo. Em 8 de setembro, Ikhlas Ghanim foi morta a tiros por ter apoiado uma propagando contra o grupo. No entanto, fontes locais disseram que Ghanim foi executada por ter noticiado as atrocidades praticadas pelo Estado Islâmico.
Fonte: Abraji