Araraquara: A cada semana, um menor sofre acidente de trabalho na cidade
Dados do Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador), regional de Araraquara (SP), apontam que no ano de 2014, 58 adolescentes, entre 16 e 18 anos, foram vítimas de acidente de trabalho na cidade. Isso equivale ao registro de um caso por semana. De acordo com especialistas do órgão, os números são alarmantes e colocam em xeque a atividade destes jovens. O trabalho, que deveria complementar sua formação pode, sem os devidos cuidados, trazer prejuizos para toda a vida.
E os números refletem em outras cidades da região. Ao todo, em 2014, foram 178 casos de acidentes de trabalho envolvendo menores. O cálculo é feito com as 24 cidades abrangidas pela Divisão Regional de Saúde (DRS-3). Esses dados foram apresentados no último dia 12 de junho, comemorado o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infanto-Juvenil, durante conferência sobre o tema, em Araraquara.
Notificar é preciso
A assistente social do Cerest, Vanessa Bragagnolo Ramos, diz que a notificação desses casos é importante para que haja fiscalização e diminuição dos índices. “Essa notificação chamamos de ‘Raat’. É o Relatório de Atendimento ao Acidentado do Trabalho. É a porta de entrada para conhecermos o problema.”
Toda unidade de saúde questiona o paciente sobre a origem dos ferimentos/doença. E a ficha é preenchida quando o caso se dá por conta do trabalho da pessoa. “Cada vez que uma ficha dessas vem de um menor, é algo preocupante. Esses casos que apresentamos são os notificados. Cremos que possa haver outros, que sequer saberemos. Mas assim que a informação chega, já começa a inspeção”, diz Vanessa.
O Cerest conta com parcerias com o MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), MPT (Ministério Público do Trabalho), além da Vigilância Sanitária municipal e estadual.
Questão social
A assistente social diz que a maioria dos jovens procura trabalho para ajudar na renda familiar e conseguir comprar objetos de desejo. Vanessa aponta que todos os setores devem se envolver na erradicação do trabalho infantil e na legalização do trabalho de adolescentes.
Pela lei brasileira, é possível, aos jovens acima de 14 anos, realizarem trabalhos como aprendizes e outros a partir dos 16. “Nada que seja insalubre, ou coloque sua vida em risco. O trabalho tem que ser algo que complete sua formação, não algo perigoso que possa comprometer os estudos e, inclusive, sua vida”, completa.
Ela acrescenta que, sempre que possível, os pais devem visitar o local de trabalho dos filhos e acompanhar sua rotina. Casos de abusos de trabalho infanto-juvenil podem ser denunciados pelo disque 100, ou ainda pelo Cerest, pelo Centro de Referência em Assistência Social ou Conselho Tutelar.
Segundo o Cerest, o comércio, em especial supermercados, lideram como locais onde os menores mais sofrem acidentes de trabalho.
Fonte: Tribuna Araraquara/ Araraquara.com