Estresse causado por dívidas pode causar ataque cardíaco

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A AGSSO (Associação de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional) alerta: os departamentos de medicina do trabalho das empresas devem ficar mais atentos a queixas relacionadas à problemas no trato digestivo, dores de cabeça, enxaqueca ou insônia. Estes são alguns dos sintomas do estresse causado por dívidas, o qual pode desencadear problemas bem mais sérios, como depressão e até ataques cardíacos. Segundo dados do Serasa Experian, empresa de informações financeiras, cerca de 54 milhões de pessoas começaram 2015 inadimplentes, o que representa aproximadamente 40% da população adulta.

“Além de ser um grande inimigo da qualidade de vida, o estresse é também um sabotador da produtividade empresarial”, alerta Januário Micelli, presidente da AGSSO.  “Trabalhadores com dívidas acabam usando o tempo de trabalho para cuidar das finanças pessoais.  A condição do estresse também reduz a rapidez na tomada de decisões.  Por fim, os males físicos decorrentes favorecem a elevação do absenteísmo”, sintetiza Micelli.  “Face ao alto índice de endividamento da população, é importantíssimo que as empresas fiquem atentas a esse aspecto em relação à saúde de seus colaboradores”, ressalta.

Várias pesquisas embasam o alerta da AGSSO. Uma delas, conduzida pela Associated Press-AOL Health nos Estados Unidos, comprovou o impacto do estresse causado por dívidas sobre a saúde. Entre as pessoas que relataram altos níveis de estresse por causa de dívidas, 27% tinham úlceras ou problemas no trato digestivo, comparados a 8% entre os de baixo nível de estresse; 44% sofriam com enxaquecas ou dores de cabeça de outro tipo (apenas 15% das pessoas com baixo nível de estresse relataram o mesmo); 29% sofriam de ansiedade severa (contra 4%); 23% sofriam de depressão severa (comparados a 4% ); e 6% reportaram ataques cardíacos, o dobro da taxa daqueles com baixo estresse.  Mais da metade (51%) apresentavam tensão muscular, contra 31% daqueles com baixa taxa de estresse.  Essa pesquisa também indicou que pessoas com altos níveis de estresse também estavam muito mais vulneráveis a problemas do sono e concentração, irritando-se com facilidade.

Já o estudo “Financial Education Initiatives in theWorkplace”, divulgado pela SHRM (Society for Human Resource Management), apontou que 83% dos profissionais de RH acreditam que os desafios financeiros dos empregados têm impacto na performance da empresa.  Essa percepção foi comprovada pelo levantamento “Employee Financial Wellness Survey”, feito pela PricewaterhouseCoopers nos Estados Unidos em 2012. Ele indicou que  97% dos funcionários utilizam horas de trabalho para cuidar de questões financeiras pessoais, sendo que 22% despendem pelo menos cinco horas por semana. E um estudo feito por psicólogos e economistas nas Universidades de Princeton e Harvard (EUA) mostrou que a falta de dinheiro compromete a capacidade de pensar e todas as demais decisões se tornam lentas e imprecisas.

“Como os índices de inadimplência estão bastante altos, torna-se fundamental que as empresas prestem mais atenção a esse aspecto na saúde de seus colaboradores”, alerta Eliane Aere, da AGSSO.  Januário Micelli acredita que é recomendável acrescentar uma bateria de exames voltados para a qualidade de vida dos trabalhadores, como também uma anamnese direcionada para os aspectos do estresse, além do exame médico ocupacional regular.

“A medicina do trabalho pode ajudar a minimizar os sintomas causados pelo estresse e contribuir para que eles não evoluam para problemas mais graves. Porém o importante é agir sobre a causa, ou seja, a partir dos dados apresentados pelos médicos do trabalho, a área de recursos humanos poderá programar campanhas, cursos de educação financeira e suporte psicológico para apoiar seus colaboradores no reequilíbrio de suas contas e melhor qualidade de vida”, recomenda Gustavo Figueiredo da AGSSO.  “Este é um exemplo claro de como a medicina do trabalho pode contribuir para o bem-estar dos trabalhadores e a produtividade das empresas”, finaliza Figueiredo.

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