Por Paulo Ribeiro Neres*
Uma das atividades mais comuns e praticadas entre os profissionais de saúde e segurança do trabalho são as inspeções de segurança. Essas podem ser específicas, como, por exemplo, em equipamentos de combate a incêndio ou as gerais, como Ordem, Arrumação e Limpeza.
Normalmente, o objetivo das inspeções de segurança é reconhecer e antecipar as condições ou procedimentos que se encontram abaixo dos padrões de segurança estabelecidos, ou ainda para detectar situações perigosas que possam acarretar perdas materiais ou pessoais no ambiente ocupacional.
Seja qual for o propósito ou tipo das inspeções, de rotina ou periódica, é importante e de extrema relevância que o próprio trabalhador, “aquele que põe a mão na massa”, participe dessas atividades e, quando emitir a sua opinião, seja considerada e avaliada no momento da conclusão. Desta forma, espera-se aumentar o interesse e motivação dos trabalhadores com as questões de saúde e segurança no ambiente de trabalho e, paralelo a isso, desenvolver uma cultura de segurança em que a prevenção de perdas seja de interesse de todos os níveis hierárquicos da organização e não apenas uma responsabilidade do departamento de segurança do trabalho, como é comum em diversas organizações.
De fato, quando os trabalhadores estão engajados, capacitados e treinados a participarem das iniciativas de prevenção de acidentes, seja através das inspeções de segurança, campanhas ou ações educativas, o ambiente de trabalho é contaminado positivamente e todos, sem exceção, passam a respirar boas práticas de prevenção. O melhor e mais vantajoso de tudo isso é que podemos usar o conhecimento e a experiência prática de quem realmente sabe onde estão as condições perigosas e os desvios que mais ocorrem naquele ambiente de trabalho.
Não é incomum as inspeções de segurança serem realizadas sem a participação dos trabalhadores do chão de fábrica. Precisamos quebrar esse paradigma. Os trabalhadores são, de certa forma, os maiores interessados que as inspeções sejam eficazes e tragam resultados positivos para a sua prevenção. Então, por que não tê-lo na equipe? Não será demérito para os profissionais do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) adicionar os trabalhadores nas suas inspeções de segurança. Para isso, antes de mais nada, será necessário capacitá-los, treiná-los e orientá-los para que eles sejam capazes de auxiliar na identificação e avaliação dos perigos, riscos, desvios e procedimentos inadequados que possam gerar acidentes, doenças ou perdas no local de trabalho.
Quando realizamos as inspeções de segurança com o auxilio dos próprios trabalhadores, é bem provável que as medidas de controle que serão sugeridas para mitigar os riscos detectados sejam mais coerentes e mais próximas da realidade do dia a dia, além de um bom resultado prático, pois estaremos utilizando, além de conhecimento técnico do profissional da segurança do trabalho, a opinião e visão de quem realmente fica exposto, que são os trabalhadores.
* Paulo Ribeiro Neres – Engenheiro de Segurança do Trabalho; Perito Assistente em Processos de Insalubridade e Periculosidade; Professor de curso técnico em segurança do trabalho; Diretor da F5; Instrutor de treinamento da Norma NR-12 (Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos) no Sindicato dos Técnicos de Segurança do Trabalho do Estado de São Paulo (Sintesp) e regionais.
