Pesquisa avalia impacto dos agrotóxicos na Bacia do Juruena (MT)

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O Núcleo de Estudos Ambientais e Saúde do Trabalhador da Universidade Federal de Mato Grosso (Neast/UFMT) estudará o impacto de agrotóxicos na Bacia do Jurema. Uma equipe de pesquisadores esteve nas cidades de Campo Novo dos Parecis, Sapezal e Campos de Júlio (MT), entre 2 a 7 de fevereiro, para divulgar o trabalho e coletar água e sedimentos para análise. O projeto de pesquisa se chama “Avaliação da Contaminação Ocupacional, Ambiental e Alimentar por Agrotóxicos na Bacia do Juruena” e é financiado por multas e condenações judiciais obtidas pelo Ministério Público do Trabalho no estado (MPT-MT).

Segundo o procurador do Trabalho Leomar Daroncho, que acompanhou a equipe, o objetivo da expedição também foi alertar os sindicatos dos trabalhadores rurais, profissionais da saúde, professores e a comunidade mais vulnerável sobre os prejuízos da exposição aos pesticidas.

Além das nascentes do rio Juruena, o grupo visitou escolas urbanas e rurais, fazendas, postos de recolhimento de embalagens de agrotóxicos e uma empresa de aviação agrícola. “Saber um monte de informações sobre o consumo de veneno não é nada perto da experiência direta com a realidade. A falta de dados confiáveis e a deficiência na informação e de alternativas das vítimas do modelo de produção adotado ainda são os maiores adversários da defesa do trabalho e da vida em condições seguras”, destacou Daroncho.

Números – Dados do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) revelam que, em 2013, 140 milhões de litros de herbicidas, inseticidas e fungicidas foram jogados nas lavouras, o equivalente ao consumo de 43 litros de veneno por pessoa no estado.

Descarte inadequado – Além dos milhões de litros de veneno que são despejados na água e no solo, contaminando os rios e os alimentos e criando um grande passivo ambiental, há, ainda, os prejuízos causados pelo descarte incorreto das embalagens. Neste mês, o MPT conseguiu na Justiça a interdição da unidade de recolhimento dos recipientes em Sapezal (MT) por expor trabalhadores a risco de contaminação. Eles usavam máscaras impróprias para a seleção do material e vestimentas que não eram devidamente higienizadas. As roupas também não estavam em quantidade suficiente para a troca ou substituição em caso de derramamento de agrotóxicos. O local é mantido pela Associação dos Engenheiros Agrônomos de Sapezal (Aeasa) e recebe mais de 600 toneladas de embalagens por ano.

Juruena – A Bacia do Juruena compreende aproximadamente 190.931 km². Situa-se quase que integralmente no Estado de Mato Grosso, exceto por uma pequena parcela que se insere no Amazonas (cerca de 5% da bacia) e em Rondônia (menos de 0,2% do município de Vilhena). O curso do rio Juruena percorre uma extensão de 1.080 km até juntar-se ao rio Teles Pires, já no domínio amazônico, para formar o rio Tapajós, afluente da margem direita do rio Amazonas.

Fonte: Ministério Público do Trabalho/MT

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