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Conheça os equipamentos “coringa” do sistema de combate a incêndios

De plataformas de petróleo a data centers, esses equipamentos vão muito além do "abre e fecha". Eles controlam pressão e fluxo, acionam alarmes e garantem a segurança para plantas de risco ampliado. Saiba como o uso de produtos certificados e a manutenção correta garantem a eficácia de todo o sistema

Por Luciana Sampaio Moreira

 

 

Cada componente do sistema de combate a incêndios tem uma função específica. As válvulas, por exemplo, permitem manobrar os dispositivos para abertura, fechamento, mudança de direção, controle de pressão e do volume de água ou de outro agente extintor usado durante o controle do sinistro. Esse dispositivo também pode acionar ou desligar outros acessórios, equipamentos e subsistemas, para que o trabalho seja feito sem gerar danos ou perdas adicionais.

Não à toa são obrigatórias nos projetos onde o risco de incêndio é ampliado, como plataformas petrolíferas, usinas de açúcar e álcool, hangares de aviões, áreas de armazenamento de combustíveis e indústrias químicas, data centers, salas de energia, entre outros. A presença de materiais inflamáveis e/ou explosivos e ambientes com alta geração de calor justificam esse cuidado extra para evitar que um sinistro comece.

O presidente da Associação Mineira de Engenharia de Incêndio (AMEI), engenheiro eletricista, civil e de segurança do trabalho, perito oficial e conselheiro do CREA-MG, Gustavo Antonio da Silva, explica que os engenheiros responsáveis pela elaboração de projetos de combate a incêndio devem estar atentos para alguns aspectos importantes, a começar pela certificação de todos os equipamentos usados.

Gustavo A. da Silva, presidente da Associação Mineira de Engenharia de Incêndio (AMEI) – Foto: arquivo pessoal

“No caso das válvulas, é fundamental ter conhecimento técnico específico sobre o equipamento para escolher o modelo para o uso mais adequado. E para completar, os clientes precisam ter a dimensão exata dos riscos inerentes para que compreendam o investimento em um plano que, atualizado e gerenciável, possibilitará um sistema assertivo de segurança”, frisa.

Silva ainda argumenta que o uso de equipamentos não listados (sem certificação) coloca em risco a operacionalidade do sistema de forma geral, com ocorrências de falhas causadas pela baixa qualidade, como vazamentos ou emperramentos, que demandarão trocas imediatas e, consequentemente, um custo a mais. Há que se considerar, ainda, que o mau funcionamento pode representar um risco no caso de sinistros.

Entre os gargalos dessa empreitada, o dirigente lembra que a maioria das empresas não possui uma engenharia centralizada ou que gerencie tudo, sendo muito recorrente que os profissionais estejam em setores totalmente independentes e sem a obrigação de entregar a engenharia principal. Por outro lado, quando essas válvulas necessitam de automação embarcada, onde uma sala ou equipe de central de comando são exigidas, pode haver o embate interno com a central de alarme de incêndio sobre a prioridade de sobreposição nesse tipo de manobra.

Para ter o sistema pronto para uso, Gustavo da Silva recomenda manutenções e testes periódicos programados. “Os casos mais comuns de falhas acontecem durante os procedimentos de manutenção, onde se esquece, por exemplo, um registro da rede de hidrantes ou chuveiros automáticos fechados, após alguma manutenção corretiva e quando acontece o sinistro, o sistema não funciona como deveria. Há casos, também, de instalações incorretas que podem ocasionar que uma válvula se solte ou tenha vazamentos”, explica.

 

Tipos de válvulas

As válvulas de combate a incêndio têm diferentes funções. As dos tipos de Governo e de Alarme controlam o fluxo de água e também acionam um alarme quando o sistema é ativado, alertando os ocupantes e as equipes de emergência sobre a ocorrência de um incêndio. Esse equipamento possui um mecanismo interno que impede o fluxo de retorno de água, de forma que ela flua apenas em direção aos sprinklers.

A do tipo Globo faz o controle preciso do fluxo de água, sendo usada em hidrantes e mangueiras de incêndio. Há também a Gaveta, projetada como válvula de isolamento que libera ou restringe qualquer fluxo de água no ambiente. Pode ser usada em tubulações de sprinklers e hidrantes, onde o isolamento completo é necessário.

A do tipo Borboleta tem design compacto e operação eficiente, para fazer o controle do fluxo de água de forma rápida. Como ocupam menos espaço, seu uso é indicado para sistemas de sprinklers e redes de hidrantes em espaços confinados.

A válvula de Retenção previne o fluxo reverso, ou seja, garante que a água ou outros agentes extintores não retornem à fonte após serem liberados no sistema, o que é importante para manter a integridade e prevenir contaminações. Tem uso indicado nas linhas de sprinklers para garantir que a água flua na direção correta.

Outro tipo é a Redutora de Pressão, que controla a pressão da água para níveis seguros, evitando a sobrepressão. Também é indicada para sistemas de sprinklers e hidrantes.

Em termos de design, há poucas mudanças. Segundo Gustavo da Silva, a maioria das válvulas são dos tipos flangeadas ou rosqueadas e raras do tipo ranhuradas, o chamado Grooved. “Já em materiais, a busca tem sido por ligas um pouco mais leves e com a mesma resistência. A grande diferença quando há, é alguma automação embarcada para fins de automação predial”, explica.

 

Arcabouço Normativo

O diretor da RISIKO Análise de Segurança e coordenador de Comissões de Estudo na ABNT do Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndio (CB-24), Anthony Brown, reafirma que as normas brasileiras (NBR) cobrem perfeitamente a necessidade de segurança do Brasil para a elaboração e instalação de projetos e estabelecem padrões de qualidade para os produtos utilizados. Outro aspecto importante é que a observância desses dispositivos nacionais simplifica parte do processo de pedido de indenização a seguradoras, no caso de sinistros.

Anthony Brown, coordenador de Comissão de Estudo da ABNT, no CB-024 – Foto: arquivo pessoal

“Muitas empresas questionam se devem ou não seguir normas, uma vez que segui-las tem custo e significa investimentos que geralmente são questionados. O prêmio do seguro vale mais quando o projeto usa as normas da ABNT (NBR). Dessa forma, esses dispositivos passam a ser obrigatórias à medida em que entram no rol das instruções técnicas dos Corpos de Bombeiros estaduais, do Ministério do Trabalho (por meio da NR-023), por exemplo”, frisa. Especificamente para válvulas, há a exigência de testes de conformidade e desempenho conferidos por laboratórios credenciados.

Outra recomendação importante do especialista é o acesso aos projetos que trazem informações de segurança das plantas. Além de reservar um local seguro para esses materiais, é preciso usar as tecnologias disponíveis para versões online que podem ser consultadas à distância, sempre que houver uma necessidade.

Como equipamentos que compõem projetos de prevenção e combate a incêndio, as válvulas estão contempladas em diversas normas. De forma genérica, a ABNT NBR 10897 especifica os requisitos mínimos para o projeto e a instalação de sistemas de proteção contra incêndio por chuveiros automáticos, com informações sobre suprimento de água, seleção de chuveiros automáticos, conexões, tubos, válvulas e todos os materiais e acessórios envolvidos em instalações prediais.

Mais específica, a ABNT NBR 16021 traz requisitos para válvulas e acessórios de sistemas de hidrantes e mangotinhos, incluindo diâmetros de entrada DN65 (2 ½) e roscas. A ABNT NBR 13.714 especifica requisitos para sistema de hidrantes e mangotinhos, incluindo a seleção e instalação de válvulas.Já a ABNT NBR 12912 define características da rosca do tipo NPT, utilizada em algumas válvulas para rede de incêndio.

A ABNT NBR 15526 define os requisitos de segurança, projetos e de execução para redes de distribuição interna de gases combustíveis (GLP e GN) em instalações residenciais e não residenciais. A ABNT NBR 13.523 aborda especificamente os requisitos para centrais de GLP. Outras normas importantes são a ABNT NBR ISO 28300 e a ABNT NBR ISO 16852, que tratam de válvulas e corta-chapas aplicados a processos industriais, com ênfase na segurança e na prevenção de explosões.

 

PRODUTOS

 

Empresários do mercado brasileiro estão mais atentos às certificações das válvulas. Confira alguns dos principais representantes deste setor: e seus produtos disponíveis no país.

 

BERMAD BRASIL

Foto: Bermad/Divulgação

O mercado de válvulas para sistemas de alta pressão de combate a incêndios está em expansão no Brasil. A Bermad Brasil estima crescimento de 15% nessa linha para o biênio 2025/2026, com a retomada de investimentos da Petrobras, aumento da produção de óleo e gás do Pré-Sal e expansão das plantas termelétricas das regiões Norte e Nordeste.

“Cada vez mais, há necessidade de certificações internacionais, resistência a ambientes extremos e integração com sistemas automatizados, o que exige inovação constante dos equipamentos. No mercado de combate a incêndio, a demanda por certificações como UL Listed ou FM Approved ainda é limitada, mas cresce conforme aumentam os requisitos de segurança e conformidade internacional”, comenta o gerente de Vendas da linha de proteção contra incêndios no Brasil, Glauco Casaloti.

Como única fabricante nacional de válvulas de dilúvio, reguladoras e de alívio de pressão para sistemas de incêndio, a Bermad tem diferenciais que são fruto de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Entre eles, ligas de Níquel Alumínio Bronze, com vida útil de até 20 anos e resistência a fluidos altamente corrosivos como a água do mar; aços inoxidáveis super duplex que aumentam a resistência do equipamento e revestimentos internos e externos a base de zinco e epóxi para atmosferas marinhas agressivas.

Segundo Casaloti, a Bermad já oferece sistemas de monitoramento remoto com sensores magnéticos lineares e rotativos que permitem controle em tempo real, e soluções que automatizam processos, reduzem intervenções em campo e preservam a segurança dos operadores, especialmente em ambientes de alto risco.

Os clientes têm, a sua disposição, um corpo técnico altamente capacitado, treinado internacionalmente, com suporte de engenharia local e uma rede credenciada de assistência técnica em todos os estados brasileiros no pós-venda.

 

CM COUTOFLEX

Foto: CM Coutoflex/Divulgação

A mudança de cultura em relação à segurança e confiabilidade em relação aos sistemas de incêndio é o fator que justifica o aumento na demanda por válvulas. De acordo com o diretor conselheiro do grupo CM Couto Coutoflex, Célio Moreira Couto Júnior, “a crescente demanda do mercado por maior eficiência, segurança e otimização de processos inclui produtos com sensores e capacidades de monitoramento remoto, principalmente em relação a prevenção de incêndios em áreas de risco”, explica.

Para tanto, a empresa foca em pesquisas para obter melhores práticas e investe no desenvolvimento profissional dos colaboradores para oferecer equipes técnicas de inspeção e de manutenção de sistemas contra incêndio sempre atualizadas em relação às novas regulamentações e modelos de sistemas.

O pós-venda é um dos pilares para o sucesso e a longevidade de 55 anos de fundação do grupo CM Couto Coutoflex. Célio Couto Júnior destaca a pronta disponibilidade de peças originais. “A falta de uma peça pode levar à inoperabilidade do sistema, o que é inaceitável em um contexto de segurança contra incêndio”, comenta.


A empresa oferece os seguintes serviços especializados: inspeção em sistemas de combate a incêndio (onshore e offshore); brigadas de incêndio (treinamento e formação de equipes); manutenção, carga e recarga de agentes limpos; Engenharia de segurança contra incêndio (projetos e consultoria); manutenção de extintores; teste de mangueiras e, ainda, manutenção de equipamentos autônomos como SCBA.

 

SMH SISTEMAS

Foto: SMH Sistemas/Divulgação

Especializada em projetos, a SMH Sistemas tem um cuidado especial com a escolha desses equipamentos. Segundo o diretor técnico e comercial, Claudemir Mantovam, em ambientes de alto risco ou de missão crítica, a válvula é um dos componentes de maior importância em um sistema de supressão de incêndio.

“Nosso processo de seleção de válvulas é rigoroso e técnico, seguindo uma metodologia que garante a máxima segurança e conformidade para cada projeto turn key. As etapas incluem análise de risco e definição de estratégia, conformidade normativa com equipamentos que atendem estritamente os requisitos aplicáveis ao projeto como NBRs, ABNT ou as internacionais NFPA, que são referência para ambientes críticos”, destaca.

Ainda sobre certificações, a SMH Sistemas exige que as válvulas e seus componentes possuam certificações reconhecidas internacionalmente, como UL (Underwriters Laboratories) e FM (FM Global), que atestam que o produto foi submetido a testes exaustivos de performance e confiabilidade.

“Priorizamos fabricantes de renome mundial, com histórico comprovado de qualidade e suporte técnico, garantindo a disponibilidade de peças e a longevidade do sistema instalado. Este processo criterioso assegura que cada componente selecionado, contribua para a integridade e eficácia do sistema de proteção contra incêndio que projetamos e instalamos”, explica.

Segundo Mantovam, do ponto de vista de projetos para ambientes de missão crítica, observa-se uma forte ascensão de sistemas de detecção precoce por aspiração (VESDA ou HSSD), sistemas de supressão com gases limpos para áreas de data centers, salas elétricas, arquivos e centros de controle com o Fluido FK.5.1.12 e o HFC227, que extinguem o fogo rapidamente, não deixam resíduos, não conduzem eletricidade e são seguros para equipamentos e para a ocupação humana, minimizando o tempo de inatividade (downtime).

Os sistemas de sprinklers de pré-ação com intertravamento duplo são cada vez mais especificados para proteger ativos de alto valor contra danos por água e os sistemas de Water Mist (névoa d’água) são aplicados como gerenciadores, transformadores e turbinas também estão em crescimento porque usam uma quantidade significativamente menor de água. Que faz o resfriamento do fogo e o abafamento com alta eficiência e mínimo dano colateral.

 

KIDDE

A Kidde Global Solutions (KGS) do Brasil tem registrado um aumento da demanda por válvulas de alta pressão para sistemas de incêndios para aplicações baseadas em gases inertes.

O diretor da empresa, Ignacio de la Rosa, comenta que grandes players industriais não querem mais usar agentes químicos em sistemas de incêndios. “Apesar dos custos iniciais de implantação maiores, as empresas têm optado por esta linha de combate movidas pela responsabilidade social e pelo menor custo de manutenção a longo prazo”, ressalta.

Para ele, o maior desafio ainda é o da regulamentação do mercado, porque o Brasil não está alinhado aos padrões internacionais, que a cada dia estão mais rígidos com a utilização de agentes químicos. “Aqui, ainda é permitido o uso de soluções que estão com os dias contados lá fora”, comenta.

A Kidde Brasil tem por premissa trabalhar apenas com produtos, soluções e pessoal certificados, fornecendo projetos com elevado know-how técnico e comprovada eficiência atestada pelas melhores empresas certificadoras mundialmente.

“Os produtos e soluções da Kidde apresentam monitoramento remoto há muito tempo. Essa área está em constante atualização. Telas gráficas em sistemas de monitoramento de incêndio indicam a condição de cada componente do sistema (como válvulas, sensores, sinalizadores etc.), o que permite ao usuário reconhecer o status de maneira remota e em tempo real, agilizando a manutenção corretiva, mas evidentemente sem eximi-lo de atender a legislação local em termos de atuação e combate”, afirma.

Ignácio De La Rosa Siqueira, diretor da Kidde Global Solutions (KGS) do Brasil – Foto: Kidde Brasil/Divulgação

O atendimento ao cliente da Kidde privilegia a solução rápida, para reduzir ao máximo a exposição a riscos. Outro diferencial é a pronta entrega de peças para reposição.

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