Como anda a sua saúde no ambiente de trabalho? O questionamento pode parecer bobo, mas é determinante não somente pela produtividade, mas se estende a sua vida e rotina fora da empresa.
E não é para menos: além de obrigatórios, os exames periódicos detectam precocemente possíveis riscos à saúde do colaborador, além de verificar, ao constatar um problema de saúde ocupacional, os trâmites como afastamento da função e avaliação do INSS, e consentimento de benefícios como auxílio-doença, e promover melhorias nesse local de trabalho.
“É importante lembrar que a maioria dos acidentes de trabalho é, em maior ou menor grau, evitável. É fundamental, portanto, que as secretarias municipais de saúde reconheçam a ocupação como fator determinante das condições de saúde e incorporem essa abordagem em todos os níveis de atenção à saúde”, comenta Fellipe Chaves, diretor de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).
Notificações
Ao constatar tais questões que levaram a um acidente laboral, torna-se essencial as notificações, e eis a importância do trabalho de profissionais de segurança do trabalho e dos núcleos de vigilância em saúde na produção, análise e qualificação dessas informações de doenças e agravos relacionados, promovendo a integração entre os setores e o fortalecimento das ações de prevenção.
Nesse sentido, o papel dos Núcleos de Vigilância Epidemiológica Hospitalar, que atuam nas unidades hospitalares de saúde, é destaque essa detecção, haja vista que o Sistema Único de Saúde é a porta de entrada desse trabalhador que sofreu um acidente. “Essas equipes têm papel importante na notificação dos agravos, na medida em que os trabalhadores vítimas de acidentes relacionados ao trabalho são removidos para hospitais”, arremata Marcos Praia, da Divisão do Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador (Cerest/Manaus), entidade que recentemente realizou um encontro sobre o tema a profissionais de SST, núcleos de vigilância em saúde, Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho (Sesmt) e representantes do Ministério Público do Trabalho (MPT).
Planos de saúde
Uma pesquisa feita pela Pipo Saúde apontou a coparticipação (o beneficiário paga parte do custo de cada procedimento, além da mensalidade) em planos de saúde atinge 79% das empresas e leva seis em cada dez trabalhadores a evitar o uso, um agravante quando o assunto é saúde e cultura preventiva.
“O impacto dessa cobrança é mais forte em tratamentos contínuos, como terapias, acompanhamento psicológico e medicamentos de alto custo. Nessas situações, o trabalhador tende a adiar consultas, reduzir a frequência de exames ou até interromper o tratamento para não comprometer o orçamento”, alerta Elton Fernandes, advogado especializado em planos de saúde, ao Terra.
Fernandes ressalta, no entanto, que a coparticipação é lícita, desde que seja aplicada de maneira equilibrada e clara. “É fundamental analisar se a cobrança recai sobre serviços que, pela própria natureza, não deveriam sofrer qualquer tipo de barreira de acesso, como exames preventivos ou tratamentos essenciais. A compreensão desse alcance permite identificar eventuais excessos”, observa o especialista.


