Por Elaine Gonçalves
Engenheira de Segurança do Trabalho, especialista contra incêndio, Higienista Ocupacional e professora universitária
Participei, em julho, do CIPROCI + Instal Show, realizado em São Paulo. O congresso, exclusivo para fabricantes e distribuidores certificados UL e FM, reuniu alguns dos principais profissionais globais do setor de segurança contra incêndio. Além da feira, a programação contou com diversos cursos técnicos, entre eles treinamentos sobre sistemas de sprinklers, inspeções e normas internacionais. Foi um ambiente rico, de troca entre especialistas e repleto de inovações que apontam para o futuro da área de segurança contra incêndio.
Normas internacionais: uma exigência crescente
Um dos aspectos mais marcantes do evento foi perceber como a adoção de normas internacionais, como a NFPA e a FM Global, já não é apenas uma referência, mas uma exigência em projetos ligados a clientes multinacionais ou de grande porte. Isso significa que, cada vez mais, o projetista brasileiro precisará compreender e dialogar com essas normas para atender a demandas globais. Esse movimento exige preparo técnico, atualização constante e visão além das normas nacionais, tornando-se um diferencial competitivo para quem deseja atuar com grandes clientes multinacionais.
Controle de fumaça: tendência inevitável
Outro tema relevante discutido no evento foi o controle de fumaça em edificações. Ainda pouco explorado na legislação brasileira, esse recurso já é considerado fundamental em países onde os arranha-céus e edifícios envidraçados são comuns. O conceito vai além da instalação de exaustores: trata-se de planejar o fluxo de ar quente e gases tóxicos, de modo a permitir a evacuação segura e conter a propagação do incêndio. É uma área que, na minha visão, logo ganhará espaço nas instruções técnicas estaduais e exigirá dos projetistas novos conhecimentos. O entendimento mais claro hoje é que ao controlar a fumação, controla-se o fogo.
Incêndios em veículos elétricos: o desafio do presente
Entre as palestras mais impactantes, destaco as discussões sobre combate a incêndio em veículos elétricos. As baterias de lítio apresentam riscos específicos e exigem estratégias diferenciadas. Nesse contexto, o uso do agente F-500, que potencializa a ação da água no resfriamento e abafamento, apareceu como uma alternativa promissora. Alguns fabricantes já demonstraram equipamentos certificados para aplicação desse agente, trazendo soluções que em breve poderão chegar também à realidade brasileira. Esse é um campo novo, mas inevitável, considerando o crescimento acelerado da frota elétrica no nosso país.
Minha visão
Estar no CIPROCI foi uma experiência de aprendizado e também de reflexão. Volto com a convicção de que o futuro da engenharia de prevenção contra incêndio está na integração entre normas internacionais e soluções inovadoras como o controle de fumaça e a proteção contra incêndios em veículos elétricos.
É nossa responsabilidade como profissionais acompanhar essas mudanças, estudar e nos antecipar, para que estejamos sempre prontos a entregar projetos mais seguros e eficientes.
Quer saber mais sobre segurança contra incêndio e boas práticas de projeto? Continue acompanhando minha coluna na revista CIPA&INCÊNDIO e me siga nas redes sociais @elainefagoncalves.