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Como você tem mapeado os Fatores de Riscos Psicossociais Relacionados ao Trabalho em sua empresa?

Coluna Ergonomia & Tecnologia

Por Symone Miguez

PhD Delft University of Technology, ergonomista sênior certificada pela ABERGO, fisioterapeuta, e soma 25 anos de experiência em gestão ergonômica e consultoria empresarial

Como você tem mapeado os Fatores de Riscos Psicossociais Relacionados ao Trabalho em sua empresa?

Este tema tem ocupado nossas agendas principalmente neste ano de 2025. Muitas palestras, cursos, workshops e informação. Mas na prática, vejo que as dúvidas ainda permeiam as mentes de muitos. Tenho visto também empresas que estão tomando ações que fogem do contexto normativo e do objetivo dos fatores de riscos psicossociais relacionados ao trabalho (FRPRT), pois estão confundindo e mapeando questões mais ligadas aos transtornos emocionais, e o foco não é este. A nova redação da NR-17 – Ergonomia, a qual passou a vigorar em 03 de janeiro de 2022, começou atuar junto a NR-1 (Disposições gerais e gerenciamento de riscos ocupacionais). A norma NR-1 reconhece os FRPRT dentro da categoria de “fatores ergonômicos” em seu subitem 1.5.4.2.1.

Podemos definir rapidamente os riscos psicossociais como fatores que podem contribuir ou mesmo desencadear estresse, adoecimento físico e mental nas pessoas. Portanto, os fatores de risco psicossociais estão ligados à maneira como os trabalhadores interagem com seu trabalho, compreendendo o desempenho profissional, controle, autonomia, forma de execução das tarefas, organização do trabalho e característica da organização.

Os riscos psicossociais relacionados ao trabalho representam grandes desafios contemporâneos para a saúde e segurança nas organizações, a exemplo, os níveis de estresse impactam no desempenho, absenteísmo e acidentes, afetando a saúde psicológica e/ou física, direta ou indiretamente.

Globalmente o trabalho material vem sendo gradualmente substituído pelo trabalho imaterial, devido ao advento da tecnologia nas últimas décadas, dando lugar aos riscos do trabalho intelectual e relacional provenientes do trabalho não material. Neste cenário é importante quantificar os níveis de estresse para estabelecer planos de ação e gestão. O mapeamento adequado dos FRPRT é importante para traçar estratégias que venham ao encontro da realidade de cada empresa e, consequentemente, atenda a necessidade dos trabalhadores. Utilizar ferramentas validadas para quantificar os riscos psicossociais e estabelecer níveis hierárquicos de ação é o início do processo de intervenção (ISO 45001:2018 e ISO 45003:2021).

A ISO 45001 (Sistema de gestão de segurança e saúde ocupacional) e ISO 45003 (Gestão dos riscos psicossociais no trabalho), orientam quanto ao gerenciamento e responsabilidades.

Existem várias ferramentas para a o mapeamento e gestão dos FRPRT, a minha experiência é com o instrumento HSE-IT (Health and Safety Executive Indicator Tool), por permitir identificar no nível organizacional as causas de estresse relacionadas com as sete categorias: demanda, relacionamento, controle, cargo, mudança, apoio chefia e colegas, percebidas pelo trabalhador. O instrumento é composto por 35 questões, as quais são distribuídas nas categorias correspondentes. O resultado é a média ponderada de todas as respostas em relação aos trabalhadores do mesmo setor para estabelecimento do nível de risco de estresse. Este foi desenvolvido pelo HSE, órgão executivo responsável pela prevenção de riscos psicossociais no Reino Unido, que permite identificar no nível organizacional as causas de estresse relacionadas com as principais categorias sinalizadas pelos trabalhadores (LUCCA, 2023).

Em 2023, tive o privilégio de ter sido convidada pela ergonomista Joseane Signore, que juntamente com o Dr. Altemir Correa e Dr. Danilo Sarti, já estava desenvolvendo um programa para o gerenciamento dos FRPRT desde 2022, em um frigorífico. O convite resultou em somar forças nesta pesquisa com 7.912 trabalhadores de áreas administrativas e operacionais do frigorífico, em diferentes regiões do Brasil, utilizando o HSE-IT.

Os resultados demonstraram aumento e diminuição de percepção no nível de estresse nas diferentes categorias do HSE-IT nas áreas administrativa e operacional. No comparativo de 2022 a 2024 destaca-se a percepção da diminuição do nível de estresse da área operacional, fruto das iniciativas realizadas e planejamento estratégico, após os resultados do HSE-IT.

Este trabalho foi publicado durante um Congresso da Abergo (Associação Brasileira de Ergonomia) e na revista Italiana de Ergonomia.

Bom, espero ter contribuído com o tema e que possamos realmente entender o que é necessário, quando se fala em fatores de riscos psicossociais relacionados ao trabalho (FRPRT) e não nos deixarmos levar por movimentos e ações que não são o foco do assunto.

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