Por Sérgio Ussan
É Engenheiro Civil e Engenheiro de Segurança
Inicialmente, cabe alertar aos leitores não ser minha intenção debater a questão do Psicossocial, nem alterar o que está sendo publicado, discutido ou ensinado através de diversas palestras e eventos.
A ideia inicial é colocar situações que apresentem conceitos e ações existentes em canteiro de obras, que venham a elidir a possibilidade dos trabalhadores se depararem com riscos psicossociais tendo ali sua origem.
De início, cabe destacar a citação da denominação “riscos psicossociais relacionados ao trabalho”, ênfase para o termo “relacionados ao trabalho”.
Sem querer entrar na área de atuação de psicólogos, psiquiatras e ergonomistas (fato impossível para este engenheiro), mas, ficando apenas com o conhecimento e a vivência de mais de cinco décadas de canteiros dos mais diversos tipos de obras é possível tecer os comentários a seguir.
Como citado em artigos anteriores, profissionais que forem atuar, em qualquer segmento, que envolva canteiro de obra na construção civil devem conhecer profundamente este micro universo e as peculiaridades apresentadas pelas pessoas que ali desenvolvem suas atividades profissionais.
Fico restrito apenas a este alerta, considerando a falta de espaço para atualizar e esclarecer quem nunca “viveu’ um canteiro de obra na construção civil.
É possível afirmar que o leitor, como todos nós, passou por situações diárias de stress e sérias preocupações que não possuem origem no nosso trabalho, origem esta que pode ser na família, na situação econômica, no trânsito (sim, quem não fica estressado no trânsito de hoje em nossas ruas e avenidas), com a temperatura, com ações de sua vizinhança, e tantas outras que o leitor pode acrescentar a esta lista.
Quem está, nos dias de hoje, livre de situações que lhe incomodam de forma profunda e lhe causam sérias preocupações? Lógico que no trabalho também existem variadas situações que levam à irritação, descontentamento e outras situações que abalam ou perturbem o seu dia a dia.
O trabalho na construção civil não é exceção, pelo contrário, é destaque quando se trata de não conformidades a corrigir, onde a responsabilidade do empregador está presente. Ainda são encontradas obras que não possuem vestiários, refeitórios, sanitários condizentes com o uso humano. Ainda existem obras onde o empregador trata os trabalhadores como quase escravos. Ainda existem obras onde a segurança do trabalhador é encarada somente como custo.
Estas, e outras várias situações que poderiam ser aqui registradas, desenvolvem no trabalhador transtornos (será correto este termo?) e um desagrado (e este termo?) no seu dia a dia de trabalho.
Qual a solução para que estas situações não ocorram?
Simples: o empregador oferecer ao trabalhador condições de segurança, higiene e meio ambiente do trabalho, áreas de vivência, que dê a ele satisfação de trabalhar.
Todos estes itens, e vários mais, estão normatizados nas NRs – Normas Regulamentadoras Brasileiras, basta cumpri-las e serem devidamente fiscalizadas de forma didática
Em vários artigos anteriores aqui apresentados, insisti na forma de receber o trabalhador e na disponibilização de correto e seguro ambiente de trabalho.
Ao lerem o que ali está, de forma expedita apresentada, saberão o caminho para terem um canteiro de obras onde o trabalhador não estará exposto a riscos psicossociais.
Ao encerrar, vale o alerta que neste curto espaço foram colocadas situações que merecem ser discutidas em grupos específicos para que no final vejam como é fácil um empregador ficar seguro no que tange a proteção de seus trabalhadores.
Basta disponibilizar ambiente correto para os trabalhadores, onde os mesmos tenham direito a palavra e possam manifestar-se no que tange aos seus anseios na busca de um ambiente de trabalho que lhe dê satisfação.
Tenho certeza que, neste caso dos riscos psicossociais, a frase de encerramento, inserida em todos os artigos publicados nesta coluna, também se enquadra: como sempre, o contraditório será bem-vindo.