Por Rodrigo Almeida Freitas
A eletromobilidade — também denominada mobilidade elétrica — refere-se ao uso de veículos que operam com eletricidade como principal fonte de energia para propulsão, em substituição aos motores de combustão interna movidos por combustíveis fósseis, como gasolina ou diesel. O conceito abrange não apenas os veículos em si, mas toda a infraestrutura necessária para sua operação, como estações de recarga, circuitos dedicados e sistemas de gestão energética. Preliminarmente, dentre vários outros objetivos, este artigo tem por objetivo demonstrar que os riscos e exigências da eletromobilidade extrapolam o veículo elétrico em si, exigindo uma abordagem mais ampla no campo da segurança contra incêndio.
Os principais veículos elétricos abrangem uma ampla gama de tipos, incluindo:
- Carros elétricos (100% elétricos — BEV, do inglês Battery Electric Vehicle);
- Veículos híbridos, que combinam motor elétrico e motor a combustão, podendo ser híbridos convencionais (HEV) ou híbridos plug-in (PHEV)
- Motos elétricas
- Scooters elétricas
- Patinetes elétricos
- Monociclos elétricos
- Ônibus e caminhões elétricos, especialmente no transporte coletivo e de cargas
Essa diversidade mostra que a eletromobilidade não se restringe a carros, mas inclui diversos meios de transporte urbanos e de carga. Logo, atenção não deve se restringir apenas aos carros elétricos, mas abranger todos os meios de transporte inseridos no ecossistema da eletromobilidade. O quadro a seguir apresenta um comparativo técnico que evidencia essas distinções, facilitando a análise das necessidades estruturais e operacionais de cada categoria de veículo.
| Tipo de Veículo | Instalação Elétrica para Recarga |
| Carro Elétrico | Necessita instalação dedicada (wallbox), circuito exclusivo, aterramento, proteção DR e disjuntor; desaconselhado (conforme normas técnicas e recomendações do fabricante) carregar em tomada comum devido à alta potência e risco de sobrecarga. |
| Carro Híbrido Plug-in | Pode ser carregado em tomada residencial de 10-20A, mas idealmente usa wallbox dedicado para maior segurança e eficiência. |
| Carro Híbrido Convencional (HEV) | Não requer recarga externa; bateria recarregada pelo próprio sistema do veículo (freio regenerativo e motor a combustão). |
| Moto Elétrica | Pode ser carregada em tomada residencial comum (10-20A), mas fabricantes recomendam carregador próprio e circuito dedicado em instalações regulares. |
| Scooter Elétrica | Carregamento em tomada residencial comum, preferencialmente com carregador original e, se possível, circuito exclusivo para evitar sobrecarga. |
| Patinete Elétrico | Carregamento em tomada residencial comum, baixa potência, sem necessidade de instalação especial. |
| Monociclo Elétrico | Carregamento em tomada residencial comum, mas recomenda-se carregador original e, para uso intensivo, circuito dedicado. |
| Ônibus Elétrico | Necessita infraestrutura de recarga robusta (estações de alta potência, 50 a 350 kW), circuito exclusivo, aterramento, proteção DR, disjuntores industriais, ventilação e, em muitos casos, sistema de monitoramento remoto. |
| Caminhão Elétrico | Infraestrutura especial obrigatória: estação de recarga de alta potência, circuito exclusivo, aterramento, proteção DR, disjuntores industriais e, frequentemente, sistema de refrigeração do ambiente de recarga. |
O crescimento da eletromobilidade traz consigo novos desafios para a segurança contra incêndio, especialmente no que se refere aos riscos associados aos veículos elétricos e suas infraestruturas de recarga. Do ponto de vista técnico, a gestão de riscos na eletromobilidade requer a distinção clara entre ameaças — inerentes aos próprios veículos — e vulnerabilidades, relacionadas ao ambiente onde eles operam. A tabela a seguir sintetiza essas situações[1], com exemplos práticos e aspectos técnicos que ilustram os múltiplos fatores envolvidos em incêndios relacionados à eletromobilidade.
Exemplos de ameaças correlacionadas com eletromobilidade[1]
| Ameaça | Descrição Técnica |
| Bateria de tração (lítio) | Fonte de energia de alta densidade. Risco de fuga térmica (thermal runaway), incêndio e explosão e descargas elétricas indesejadas. |
| Estágios de degradação da bateria | Ciclagem excessiva, envelhecimento químico, desequilíbrio térmico entre células. Pode gerar instabilidade interna, aumento da resistência e pontos de ignição locais. |
| Células danificadas ou defeituosas | Fábricas ou reformas não certificadas podem produzir baterias com falhas estruturais ou curtos internos latentes. |
| Instalações elétricas do veículo | Mesmo com o veículo desligado, podem estar energizados. Podem provocar arco elétrico letal em caso de rompimento ou manuseio inadequado. |
| Componentes eletrônicos de potência (inversores, conversores, BMS) | Suscetíveis a sobreaquecimento, mau contato e falha súbita por choque elétrico ou vibração contínua. |
| Estresse térmico | Temperaturas externas elevadas, recarga rápida contínua, falha de sistema de arrefecimento. Pode antecipar a falha térmica das células. |
| Estresse mecânico | Batidas, quedas, trepidação intensa, armazenamento inadequado. Danos estruturais internos podem passar despercebidos e gerar ignição posterior. |
| Estresse elétrico | Sobrecarga, curto-circuito interno, incompatibilidade entre carregador e BMS. |
| Intoxicação pela fumaça decorrente de incêndios | Formação de gases tóxicos: liberação de HF (ácido fluorídrico), monóxido de carbono, e outros gases tóxicos que afetam gravemente ocupantes e equipes de socorro. |
| Manutenção inadequada | Veículos com modificações amadoras, uso de componentes não certificados, substituições de bateria sem avaliação técnica. |
| Micromobilidade sob o sol | Scooters, bicicletas e patinetes frequentemente expostos ao calor direto, elevando o risco de superaquecimento e ignição espontânea da bateria. |
| Recarga incorreta ou prolongada | Recarga sem interrupções, com ciclos completos sucessivos, sem pausas, compromete o equilíbrio térmico interno. |
| Reignição após incêndio | Mesmo resfriadas, baterias de lítio podem voltar a incendiar horas após o combate inicial. Há um caso nos EUA de re-ignição após seis horas do término do primeiro combate. |
Exemplos de vulnerabilidade correlacionadas com eletromobilidade
| Vulnerabilidade | Descrição Técnica |
| Estacionamento em ambientes fechados | Garagens subterrâneas sem ventilação natural, sem compartimentação, sem detecção e alarme de incêndio ou sprinklers aumentam drasticamente o risco de propagação térmica e intoxicação por gases. |
| Aglomeração de veículos | Estacionar veículos próximos uns aos outros, criando efeito dominó em caso de ignição. |
| Ausência de compartimentação vertical e horizontal | Permite que calor e fumaça se espalhem para outros pavimentos e áreas ocupadas. |
| Tomadas e instalações improvisadas | Uso de tomadas domésticas com fios expostos, cabos emendados, cabos subdimensionados, sem DR ou DPS, uso de extensões ou adaptadores, sem aterramento, sem disjuntor, instalações executadas por leigos. |
| Instalações elétricas sem responsabilidade técnica | Muitos carregadores são instalados sem responsabilidade técnica, contrariando ABNT NBR 5410, NBR IEC 61851, e a NBR 17019. Falta de verificação e inspeção antes de aumento de carga. |
| Instalações elétricas sem devida manutenção | Manutenção inadequada e/ou insuficiente de instalações elétricas em edificações, garagens e estacionamentos. |
| Proximidade com estruturas metálicas ou inflamáveis | Metais podem colapsar sob altas temperaturas. Madeira, plásticos ou estofamentos próximos intensificam propagação do fogo. |
| Resíduos inflamáveis próximos (lubrificantes, papel, plásticos) | Acumulo de materiais combustíveis e inflamáveis em garagens e estacionamentos, comuns em garagens residenciais e oficinas. |
| Uso de carregadores piratas ou falsificados | Sem certificação de segurança (Inmetro). Risco altíssimo de curto ou sobreaquecimento. |
| Dobrar fios para esconder ou acomodar excesso | Degrada isolação, aumenta resistência e gera pontos quentes. |
| Recarga noturna prolongada sem supervisão | Impede detecção precoce de sinais de falha térmica, como odores, zumbidos ou aquecimento anormal. |
| Carregamento simultâneo de múltiplos equipamentos em único ponto | Excesso de corrente, risco de sobrecarga da instalação. |
Embora as ameaças associadas à eletromobilidade sejam altamente específicas e intrínsecas à natureza dos sistemas elétricos de propulsão — como baterias de lítio, eletrônica de potência e seus modos de falha térmica, elétrica ou química —, é essencial reconhecer que as vulnerabilidades que favorecem a propagação e a severidade de um incêndio transcendem o universo da eletromobilidade. Ou seja, enquanto a ameaça tem origem direta no próprio veículo elétrico e independe da vontade do gestor do edifício ou da configuração local (por exemplo, uma fuga térmica espontânea em uma bateria danificada), a vulnerabilidade está invariavelmente vinculada ao ambiente físico, ao uso, à ocupação e às decisões humanas sobre o espaço. Um sistema predial sem compartimentação, sem ventilação adequada ou com instalação elétrica precária será vulnerável a incêndios independentemente da origem — seja ela um carro elétrico, um veículo a combustão, um armário com papéis ou um depósito de estofados.
É justamente nessa distinção entre ameaça e vulnerabilidade que repousa a possibilidade de gestão de risco. O síndico, o gestor predial ou o responsável técnico por um edifício não pode impedir que um determinado ocupante adquira um scooter elétrico com bateria comprometida, mas pode — e deve — estruturar seu ambiente de forma a evitar que essa ameaça evolua para um sinistro desastroso. Isso implica mitigar vulnerabilidades que, em essência, não são exclusivas da eletromobilidade, mas que amplificam dramaticamente seus efeitos: como o armazenamento de equipamentos em ambientes fechados sem exaustão, a ausência de sensores de detecção, ou acúmulo de combustíveis. Assim, o risco não se define apenas pela existência da ameaça, mas principalmente pela exposição a uma vulnerabilidade que é controlável e, em última análise, de responsabilidade da gestão de um sindico ou responsável administrativo/legal de uma edificação.
Legislação, Normalização e Iniciativas Técnicas em Segurança Contra Incêndio na Eletromobilidade
Atualmente, não existe em vigor no Brasil um documento técnico consolidado e nacionalmente reconhecido que regulamente de forma abrangente os requisitos de segurança contra incêndio relacionados à eletromobilidade. Algumas instituições e agentes técnicos têm procurado disciplinar a eletromobilidade. Entretanto, as primeiras iniciativas facilmente se depararam com o problema da multidisciplinariedade e da falta de dados de sinistros para formar um texto técnico legitimamente fundamentado em evidências. Alguns encaminhamentos estão expostos abaixo.
Normativos sobre eletromobilidade publicados por CBMs
| Documento | Órgão / Local | Data de Emissão | Situação Atual |
| Consulta Pública – Minuta de Regulamentação de Carros Elétricos [2] | Corpo de Bombeiros Militar de SP | 02/04/2024 | Em Consulta Pública |
| NT 45/2024 – Sistema de recarga para veículos eletrificados [3] | Corpo de Bombeiros Militar de Goiás | 14/06/2024 | Suspenso |
| Parecer Técnico nº 022/2024 – estações de recarga [4] | Corpo de Bombeiros Militar de Sergipe | 07/11/2024 | Revogado |
| Diretrizes técnicas para instalação de estações de recarga para veículos (protocolo nº: 1772041/2024) [5] | CREA-SE | 28/08/2024 | Em vigor |
| Recomendação CBMDF/DIVIS/SEFIS – Veículos elétricos (bateria) – (SEI GDF 158786345) [6] | Corpo de Bombeiros Militar do DF | 16/12/2024 | Em vigor |
| Legislação de segurança contra incêndio e pânico – estações de recarga para
Veículos elétricos – requisitos e recomendações de segurança – nota CHEMG 326/2025 [7] |
Corpo de Bombeiros Militar do RJ | 16/05/2025 | Em vigor |
| Nota Técnica nº 001/2025
Avaliação de critérios de segurança para recarga de veículos elétricos em edificações existentes [8] |
CREA-SE | 03/06/2025 | Em vigor |
O Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBMGO)[3] foi um dos primeiros a tentar regulamentar o tema com a Nota Técnica NT-45/2024, voltada à instalação de estações de recarga para veículos eletrificados. No entanto, o documento foi suspenso oficialmente em abril de 2024, por reconhecer a ausência de diretrizes nacionais harmonizadas. Situação semelhante ocorreu com o Corpo de Bombeiros Militar de Sergipe (CBMSE), que havia publicado em 2023 um parecer técnico[4] restritivo sobre recarga de veículos em subsolos, mas que também foi formalmente revogado no início de 2024, justamente por não se apoiar em base normativa federal nem em evidências empíricas robustas.
Nesse contexto fragmentado, a consulta pública conduzida pelo Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo (CBMESP)[2] tem se tornado um marco no processo de discussão normativa. A minuta apresentada em abril de 2024, apesar de conter pontos polêmicos e questionamentos técnicos, representou um passo importante na estruturação do debate nacional, com proposições que envolvem classificação de risco, exigência de projeto elétrico e critérios para recarga em ambientes confinados. Em paralelo, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Sergipe (CREA-SE) elaborou um manual técnico[5] em 2024 sobre estações de recarga, que circula entre profissionais e instituições do setor.
A expansão da eletromobilidade no Brasil tem exigido respostas técnicas e regulatórias por parte dos Corpos de Bombeiros e de instituições como o CREA. Ainda que não exista uma norma nacional consolidada em vigor que regulamente a segurança contra incêndios relacionada à recarga de veículos elétricos, diversos estados publicaram documentos técnicos, pareceres, manuais e notas com recomendações — ainda que muitos desses tenham sido posteriormente suspensos ou revogados. Apesar das diferenças entre eles, observa-se um núcleo comum de diretrizes técnicas voltadas à mitigação de riscos elétricos, estruturais e de incêndio.
De modo geral, há forte convergência entre os documentos analisados em torno de quatro eixos principais:
- a exigência de projeto elétrico regular com ART/RRT;
- a obrigatoriedade de dispositivos de proteção elétrica, sobretudo DR tipo B, disjuntores e DPS;
- o incentivo à instalação em áreas ventiladas e afastadas de rotas de fuga; e
- a presença de sinalização e equipamentos de combate a incêndio. Esses pontos refletem um consenso técnico entre bombeiros, engenheiros e órgãos reguladores de que a prevenção é a principal estratégia para mitigar os riscos emergentes da eletromobilidade.
Além disso, as recomendações mais recorrentes incluem:
- Instalação preferencial em ambientes ventilados naturalmente ou com exaustão forçada;
- Proibição do uso de extensões, adaptadores e carregadores improvisados;
- Implantação de DR tipo B, DPS, disjuntores termomagnéticos e aterramento conforme NBR 5410 e NBR 17019;
- Extintores próximos às estações de recarga e, em alguns casos, hidrantes ou mangotinhos;
- Inspeções técnicas periódicas com registros arquivados pelo responsável legal;
- Projeto obrigatório com aprovação por profissional habilitado.
Essas recentes tentativas de regulamentação da segurança contra incêndios em estações de recarga para veículos elétricos têm gerado divergências técnicas e institucionais. Um dos mais recentes, de junho de 2025, e nos principais focos de controvérsia é o conteúdo do AVALIAÇÃO DE CRITÉRIOS DE SEGURANÇA PARA RECARGA DE VEÍCULOS ELÉTRICOS EM EDIFICAÇÕES EXISTENTES[8] publicado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Sergipe (CREA-SE). O documento, que tem caráter orientativo, provocou forte reação do setor técnico por supostamente extrapolar a competência do conselho, ao emitir recomendações com efeito regulatório.
Apesar de seu caráter orientativo, o documento tem sido duramente questionado por diferentes áreas técnicas, sobretudo quanto à legitimidade do CREA legislar sobre matéria e à ausência de estudos empíricos consistentes que embasem suas recomendações. A Nota de Repúdio ao CREA-SE[9], assinada por profissionais da engenharia e entidades técnicas, especialmente da Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas Regional de Goiás, critica a ausência de embasamento empírico e normativo no manual, além de apontar inconsistências técnicas, como a generalização de proibições em subsolos sem base em estatísticas de incêndios.
Outro ponto de intenso debate está relacionado à Portaria CCB-001/800/2024[2], publicada pelo Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo (CBPMESP), atualmente em fase de consulta pública. Esta minuta propõe critérios de segurança para garagens com estações de recarga e, embora tenha sido reconhecida como um avanço ao fomentar o debate nacional, também gerou reações críticas de diversas entidades. Em especial, a ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico) e outras associações como ABEIFA, SECOVI-SP, SINDUSCON-SP e ABRASCE, publicaram um documento conjunto de esclarecimentos, datado de 7 de maio de 2024[10], sobre o assunto. Nessa manifestação, as entidades contestam pontos específicos da minuta, como a ausência de dados técnicos públicos que justifiquem as restrições propostas e a necessidade de viabilidade técnica e econômica nas exigências feitas aos empreendimentos.
Essas associações argumentam, por exemplo, que a proposta da portaria ao exigir distanciamentos mínimos entre veículos e barreiras físicas, bem como a proibição de uso de determinadas soluções provisórias, precisa estar fundamentada em dados técnicos auditáveis e em evidências estatísticas. Elas também destacam que os riscos de incêndio em veículos elétricos são, conforme estudos internacionais, estatisticamente inferiores aos verificados em veículos a combustão, e que qualquer regulação deve refletir essa realidade.
A exigência de testes em escala real, simulações térmicas, estudos comparativos e estatísticas confiáveis aparece como condição indispensável para consolidar uma regulamentação segura, eficaz e tecnicamente aceitável. Assim, os Corpos de Bombeiros, por meio da LIGABOM (Liga Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil), têm conduzido testes práticos com queimas controladas, mensurações térmicas e simulações de combate para fundamentar tecnicamente uma regulamentação nacional unificada. A proposta envolve a colaboração da ABVE, associações técnicas, representantes da indústria, profissionais da segurança contra incêndio e da ABNT, buscando consolidar uma orientação técnica nacional coerente, proporcional e tecnicamente embasada para guiar os futuros marcos legais da eletromobilidade. Esses estudos são conduzidos com metodologia científica, visando subsidiar uma proposta técnica unificada de regulamentação nacional.
Importante destacar que esse processo vem sendo acompanhado por entidades relevantes do setor, como a própria ABVE, além de profissionais renomados das áreas de engenharia de segurança contra incêndio, pesquisadores, profissionais e representantes da indústria da eletromobilidade, da segurança contra incêndio e da construção civil. A expectativa é que, a partir dessas interações, seja construída uma minuta de regulamentação técnica nacional, que reflita uma visão integrada entre Corpos de Bombeiros, ABNT, LIGABOM, associações do setor e especialistas técnicos, garantindo segurança operacional e viabilidade para o crescimento sustentável da eletromobilidade no país.
A expansão da eletromobilidade no Brasil tem impulsionado o debate sobre regulamentações de segurança contra incêndio, especialmente no contexto das instalações de recarga. Em meio a esse processo, surgem críticas a uma suposta lentidão dos Corpos de Bombeiros na publicação de normas específicas. Contudo, tal percepção ignora o princípio técnico essencial que sustenta qualquer processo normativo responsável: a elaboração de normas deve estar fundamentada em evidências estatísticas, análises técnicas e validação experimental.
A normatização em segurança contra incêndio não pode ser construída com base em observações isoladas, opiniões pessoais ou inferências não testadas. Para garantir eficácia e legitimidade, as prescrições técnicas precisam ser embasadas em dados sistematizados, como estatísticas de ocorrências, análises periciais, testes em escala real e simulações controladas de queima, propagação térmica e resposta de combate. Apenas esse processo metódico permite compreender com precisão os riscos envolvidos e propor exigências coerentes com a realidade da edificação e do uso previsto.
Além disso, uma norma eficaz precisa considerar a aplicabilidade prática no contexto urbano e construtivo brasileiro. Regras excessivamente restritivas, desproporcionais ou descontextualizadas podem gerar insegurança jurídica e operacional, comprometendo não só a segurança, mas também a implementação viável de soluções tecnológicas. Por isso, a elaboração normativa requer equilíbrio entre rigor técnico, proporcionalidade e aderência às condições reais de uso e ocupação dos espaços.
Nesse cenário, os Corpos de Bombeiros vêm conduzindo um processo técnico e progressivo de amadurecimento regulatório. Ensaios estruturados, queimas controladas e medições objetivas têm sido utilizados como base para definir critérios técnicos consistentes. Ao mesmo tempo, têm sido promovidos fóruns de discussão que possibilitam contribuições críticas de profissionais e instituições técnicas, favorecendo a construção de uma regulamentação transparente, dialógica e fundamentada.
Dessa forma, o que pode ser interpretado como morosidade é, na verdade, um indicativo de responsabilidade técnica. A complexidade dos riscos associados à eletromobilidade exige normas robustas, coerentes e validadas. Antecipar regulamentações sem respaldo técnico não apenas compromete sua efetividade como pode gerar conflitos regulatórios e insegurança operacional. A construção de um marco regulatório sólido depende da geração e análise qualificada de dados — e isso demanda tempo, método e compromisso com a ciência aplicada à segurança.
Então não há normas para eletromobilidade?
A afirmação de que não existem normas aplicáveis à eletromobilidade no Brasil não é verdade. Embora ainda não haja uma norma nacional específica voltada exclusivamente à segurança contra incêndio em instalações para recarga de veículos elétricos, já existe um conjunto sólido de normas técnicas em vigor que tratam de maneira abrangente dos principais aspectos envolvidos — desde a segurança elétrica até a mitigação de riscos em locais de uso coletivo. O arcabouço normativo atual oferece diretrizes suficientes para orientar o projeto, a execução e a manutenção de instalações associadas à recarga de veículos elétricos, incluindo carros, motos, patinetes, scooters e demais modais leves. A seguir, apresenta-se uma tabela com a identificação e o escopo de aplicação de algumas normas.
Normas sobre eletromobilidade
| Norma | Título |
| NBR 5410:2004 | Instalações Elétricas de Baixa Tensão |
| NBR 17019:2022 | Instalações elétricas de baixa tensão — Requisitos para instalações em locais especiais — Alimentação de veículos elétricos |
| NBR 14136:2012 | Plugues e tomadas para uso doméstico e análogo até 20 A, 250 V em corrente alternada — Padronização |
| NBR 13570:1996 | Instalações Elétricas em Locais de Afluência de Público |
| IEC 61851-21:2001 | Electric vehicle conductive charging system – Part 21: Electric vehicle requirements for conductive connection to an a.c./d.c. supply |
As normas técnicas aplicáveis à eletromobilidade estabelecem diretrizes objetivas e de fácil implementação para garantir segurança nas instalações. Essas medidas, quando corretamente aplicadas, reduzem significativamente os riscos elétricos e de incêndio em ambientes com estações de recarga. Seguem abaixo, resumidamente, algumas prescrições contidas nessas normas:
🔧 Projeto e Execução de Instalações
- Instalações elétricas devem ser dedicadas, segregadas e dimensionadas conforme a potência do equipamento e perfil do usuário.
- É obrigatório o uso de dispositivos de proteção contra sobrecorrente, curto-circuito e sobretensão (DPS), com destaque para o DR tipo B, essencial para correntes pulsantes e contínuas presentes em carregadores.
- Aterramento compatível com as prescrições da NBR 5410 e NBR 17019.
- Reforço da compatibilidade eletromagnética e da proteção contra distúrbios de rede conforme IEC 61851-21.
Condições Ambientais e de Segurança Física
- Ambientes de recarga devem dispor de ventilação natural ou forçada. Subsolos requerem avaliação criteriosa quanto à dissipação térmica e risco de acúmulo de gases.
- Recomenda-se espaçamento mínimo entre estações de recarga e entre veículos, com possibilidade de barreiras corta-fogo.
- As instalações devem utilizar eletrodutos e quadros de distribuição com materiais autoextinguíveis ou de baixa emissão de fumaça (conforme NBR 13570).
- Exigência de proteção física das instalações elétricas em locais de circulação pública.
🚨 Sinalização, Comando de Emergência e Acessibilidade
- Sinalização de risco elétrico, instruções de emergência e rotas de fuga devem ser visíveis e padronizadas.
- Recomenda-se a instalação de comandos de emergência de fácil acesso (conforme NBR 13570, item 4.7).
- Devem ser respeitadas as condições de acessibilidade em instalações para modais leves como bicicletas elétricas e scooters.
Fiscalização e Manutenção
- Inspeções periódicas por profissionais habilitados, com verificação do funcionamento de dispositivos como DRs e DPS.
- Verificação da integridade de cabos, conectores e plugues, com registros arquivados pelo responsável técnico.
O argumento de que não há normas aplicáveis à eletromobilidade no Brasil não se sustenta diante do atual acervo normativo disponível. Ainda que falte um regulamento nacional específico focado exclusivamente na segurança contra incêndio, diversas normas — como a NBR 5410, NBR 17019, NBR 13570, NBR 14136 e a IEC 61851-21 — já estabelecem critérios técnicos abrangentes e eficazes para instalações elétricas seguras. Essas normas contemplam desde a proteção elétrica até requisitos para ambientes de recarga, sinalização, acessibilidade e manutenção preventiva. A aplicação dessas prescrições representa um caminho técnico seguro e viável para garantir a integridade das instalações e mitigar riscos associados à eletromobilidade, mesmo em ambientes como garagens, subsolos e edificações de uso coletivo.
Mas e os veículos a combustão? Estão bem?
A formulação de estratégias eficazes de segurança contra incêndios na eletromobilidade exige, antes de qualquer antecipação normativa voltada aos veículos elétricos, uma compreensão sólida dos riscos historicamente associados à frota de veículos a combustão, que ainda constitui a imensa maioria dos casos de sinistros atendidos pelos corpos de bombeiros no Brasil. A realidade operacional das corporações revela que os incêndios veiculares mais recorrentes decorrem de falhas em automóveis movidos a gasolina, etanol ou diesel, muitas vezes relacionadas a defeitos elétricos, vazamentos de fluidos inflamáveis ou ausência de manutenção preventiva. Esses incidentes ocorrem em volume considerável, conforme demonstram os dados de São Paulo e do Distrito Federal, onde milhares de ocorrências anuais são registradas em veículos a combustão.
Portanto, é imprescindível que qualquer política de prevenção ou proteção contra incêndios automotivos parta de evidências concretas extraídas desse cenário predominante. Ignorar essa base de dados consolidada seria negligenciar a fonte mais frequente e crítica de ignição em ambientes urbanos e residenciais. Ainda que os veículos elétricos exijam atenção crescente por parte das autoridades técnicas, é a partir da análise rigorosa do comportamento térmico, elétrico e estrutural dos veículos a combustão que se obtêm os subsídios mais valiosos para a formulação de normativas realistas e efetivas. A construção de um novo marco regulatório, portanto, deve caminhar paralelamente à consolidação e interpretação dos dados sobre a frota em uso, permitindo que as medidas futuras sejam proporcionais, técnicas e baseadas na realidade posta.
Relatórios técnicos [17] elaborados pelo Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), com base em perícias de incêndio veicular, reúnem dados valiosos sobre as principais causas e circunstâncias desses eventos. Abaixo, são apresentados de forma resumida os principais achados relacionados ao surgimento de incêndios em veículos a combustão no Distrito Federal.
🚗 Compartimentos de Origem dos Incêndios
O compartimento de origem é definido como o local onde o incêndio se inicia, representando o ponto inicial da intercorrência que acarreta o princípio de incêndio. Sua identificação é fundamental, pois está diretamente associada às causas e fatores contribuintes do sinistro. Ou seja, compreender onde o fogo começou é essencial para se entender por que ele começou.
As perícias do CBMDF[17] apontam os seguintes compartimentos como os mais frequentes na origem dos incêndios:
- Compartimento do motor – zona de origem mais recorrente;
- Painel frontal/instrumentos – geralmente associado a falhas elétricas;
- Compartimento dos passageiros – comumente ligado a instalações adaptadas (ex.: sistemas de som);
- Porta-malas – menos comum, mas presente em algumas ocorrências.
🔥 Principais Causas e Fatores Contribuintes
A análise técnica dos dados[17] revela que as principais causas de incêndios veiculares estão relacionadas a falhas elétricas e térmicas, além de fatores mecânicos e comportamentais. Entre os elementos mais relevantes, destacam-se:
- Intercorrências de origem elétrica (fator mais comum);
- Superaquecimento de componentes do motor;
- Vazamentos de combustíveis ou lubrificantes em superfícies aquecidas;
- Curtos-circuitos em instalações elétricas adaptadas (som, iluminação, ignição);
- Falta de manutenção preventiva, especialmente em sistemas elétrico e de injeção;
- Serviços e uso de peças de baixa qualidade ou inadequadas;
- Modificações não autorizadas, como alterações no sistema elétrico ou de combustível;
- Vazamentos persistentes não reparados.
Também foi identificado um fator agravante comum: a negligência dos condutores diante de sinais evidentes de falha ou superaquecimento.

Foto: arquivo do autor
Figura 1 – exemplo real de investigação de incêndio: peça do compartimento do motor impregnada de fluido por vazamento negligenciado pelo condutor.
A produção de conhecimento técnico em segurança contra incêndios depende diretamente da leitura crítica, sistematização e compilação de dados confiáveis. Nesse contexto, foram reunidas informações sobre ocorrências de incêndio em veículos a combustão nos estados de São Paulo[16] e do Distrito Federal[17], permitindo uma visão mais concreta da realidade nacional. Os dados referem-se exclusivamente a veículos movidos a combustão, não havendo qualquer registro relevante de incêndios envolvendo veículos elétricos. A seguir, são apresentados os números absolutos de incêndios veiculares a combustão registrados nos anos de 2021 a 2024 nessas duas unidades federativas, de maior relevância no cenário brasileiro para vendas e emplacamentos e veículos elétricos.
Incêndios em Veículos a Combustão – SP e DF
| Estado de São Paulo (SP) | Distrito Federal (DF) | |||
| Ano | Vendas de veículos elétricos[20] | Incêndios em veículos a combustão[16] | Vendas de veículos elétricos[21] | Incêndios em veículos a combustão[18][19] |
| 2021 | Sem dados[1] | 4.364 | Sem dados | 1.262 |
| 2022 | 16.012 | 4.474 | 2.450 | 1.491 |
| 2023 | 32.787 | 4.695 | 6.401 | 769 |
| 2024 | 56.819 | 5.126 | 16.061 | 833 |
| 2025 (até 30/04/2025) | 21.207 | 1.069 | 6.463 | 1.073 |
Cenário de incêndio veicular nos EUA
OS EUA possuem dados robustos de investigações e estatísticas de incêndio, principalmente pela NFPA[22][24] e FEMA[23]. A sistematização dessas informações possibilita identificar padrões recorrentes e características específicas que favorecem a ignição e propagação do fogo. A coleta e organização desses dados são mais eficientes nos EUA, gerando informações mais apuradas e confiáveis do que no Brasil.
Aqui vamos expor dados e informações de 2018 a 2022 NFPA[22][24] e FEMA[23]. Todos os dados referem-se exclusivamente a veículos movidos a combustão, não incluindo ocorrências relevantes envolvendo veículos elétricos. Entre os principais elementos identificados, destacam-se:
- Falhas no sistema elétrico veicular: cabos com isolamento danificado, conexões frouxas, curtos-circuitos e sobrecarga de componentes elétricos são frequentemente apontados como pontos iniciais de ignição. Essas falhas são especialmente críticas em áreas próximas ao cofre do motor, onde há proximidade com líquidos inflamáveis e fontes de calor.
- Vazamentos de fluidos combustíveis: presença de óleo, gasolina, fluido de transmissão ou líquido de arrefecimento em áreas críticas do motor pode gerar atmosferas inflamáveis. Quando em contato com superfícies superaquecidas — como o coletor de escape ou o catalisador — esses líquidos atuam como agentes propagadores do fogo.
- Desgaste ou deficiência nos sistemas de contenção térmica: protetores de calor ausentes, deteriorados ou mal posicionados facilitam a transferência de calor para áreas sensíveis, aumentando o risco de ignição acidental em materiais inflamáveis adjacentes.
- Armazenamento inadequado de combustíveis e gases: transporte de galões de gasolina ou cilindros de GLP no compartimento de passageiros, sem vedação adequada ou ventilação, representa risco crítico. Pequenos vazamentos somados à falta de ventilação criam atmosferas explosivas dentro do habitáculo.
- Instalações não originais ou modificações mal executadas: adaptações de som automotivo, iluminação externa ou sistemas de ignição secundária, realizadas fora dos padrões técnicos, frequentemente levam à sobrecarga de circuitos, pontos de aquecimento e falhas dielétricas.
- Impacto mecânico severo decorrente de colisões: em muitos casos, incêndios ocorrem como consequência direta de acidentes, onde componentes estruturais e de vedação são rompidos, expondo sistemas elétricos, combustíveis e fontes de calor de forma descontrolada.
- Falta de manutenção preventiva: veículos com histórico de manutenção negligenciada tendem a apresentar múltiplos pontos de risco simultâneos — como vazamentos, superaquecimento e desgaste de sistemas elétricos — que, em conjunto, elevam substancialmente a probabilidade de ignição.
- Idade da frota veicular: veículos com mais de uma década de uso concentram a maioria dos casos de incêndio. Isso se deve à degradação natural de componentes, ressecamento de mangueiras, oxidação de conexões e obsolescência dos sistemas de proteção.
Com base na análise técnica e nos dados apresentados, torna-se evidente que o verdadeiro vetor de risco para incêndios automotivos, atualmente, não reside na propulsão elétrica ou na combustão em si, mas sim nos comportamentos inadequados de condutores, proprietários e responsáveis pela manutenção veicular. Negligência com sinais de falha, adoção de práticas improvisadas, uso de componentes de baixa qualidade e ausência de manutenção preventiva formam um cenário crítico que independe da matriz energética do veículo. Em outras palavras, o mesmo padrão de imprudência que tem sido o principal fator contribuinte nos incêndios de veículos a combustão pode se replicar, de forma praticamente idêntica, nos veículos elétricos — com consequências potencialmente agravadas pelo uso predominante moderno dos componentes plásticos baseados em petróleo e pela complexidade tecnológica dos sistemas embarcados e das baterias de alta tensão.
Dessa forma, a discussão sobre segurança contra incêndio em veículos deve se desviar a polarização entre tecnologias e voltar-se à formação de condutores mais conscientes, capacitados e responsáveis. A prevenção de sinistros começa no comportamento: na escolha criteriosa de peças, no respeito às manutenções programadas, na recusa a adaptações improvisadas e no reconhecimento dos sinais de anomalia veicular. Políticas públicas, regulamentações e campanhas educativas devem, portanto, enfatizar a educação técnica do usuário final, tanto quanto a evolução normativa. Afinal, enquanto as tecnologias continuarão avançando, é o fator humano — frequentemente negligenciado — que permanece como o elo mais vulnerável da cadeia de segurança automotiva.
Mas e aí? O que fazer prevenir e se proteger de incêndios em veículos elétricos?
O avanço da eletromobilidade tem despertado um movimento de preocupação legítima por parte de síndicos, gestores condominiais e profissionais da construção civil. No entanto, essa preocupação, quando não sustentada por conhecimento técnico, acaba dando origem a soluções apressadas e, muitas vezes, inefetivas — ou até perigosas. Um dos exemplos mais recorrentes é a supervalorização do papel dos extintores portáteis como estratégia central de combate ao fogo em veículos elétricos.
Embora extintores sejam fundamentais para intervenções rápidas em princípios de incêndio, é preciso reconhecer seus limites operacionais. Uma vez que o fogo já tenha se desenvolvido e tomado compartimentos do veículo (compartimento do motor ou de passageiros), a utilização de extintores torna-se inócua. Nesses casos, o correto é evacuar o ambiente, acionar o Corpo de Bombeiros via 193 e acompanhar a resposta dos sistemas fixos da edificação, como detecção e alarme, hidrantes e chuveiros automáticos, que foram projetados exatamente para esse tipo de risco.
Outro equívoco preocupante é a difusão, no mercado nacional, de extintores “verdes” ou supostamente “específicos” para baterias de lítio. Esses estão sendo amplamente promovidos equivocadamente como solução definitiva para incêndios em veículos elétricos. Até o momento, nenhum desses equipamentos possui certificação do INMETRO, tampouco classificação formal como extintores de classe C com validação documental de eficácia em incêndios veiculares. Extintores verdes não são, atualmente, proteção para ponto de recarga e para incêndios em veículos elétricos.

Foto: Arquivo do autor
Figura 2 – Proteção inadequada para ponto de recarga de veículos elétricos.
Por outro lado há soluções que referenciadas[25] como uma opção à princípio de incêndios em baterias. Em geral, tais extintores empregam agentes encapsuladores, dispersões aquosas de vermiculita ou compostos à base de grafite, que podem até ser úteis para pequenas baterias estacionárias ou em laboratórios, mas não foram homologados para uso em baterias tracionárias de grande porte como as dos veículos elétricos. Além disso, a aplicação desses equipamentos/compostos por população não treinada pode gerar falsa sensação de segurança, colocando vidas em risco.
Na mesma linha, nota-se o surgimento de mantas térmicas ou “fire blankets” para veículos elétricos, que estão tendo sua aquisição cogitadas por condomínios para serem dispostas como equipamentos de uso emergencial por leigos. Apesar de seu emprego estar tecnicamente documentado e preliminarmente validado em operações profissionais de combate, sua correta utilização requer pessoal treinado, vestimentas de aproximação de incêndio e proteção respiratória. Seu uso depende de treinamento profissional formal e conhecimento técnico sobre fechamento térmico[26]. Além disso, o tempo de contenção pode ultrapassar 3 horas e, se usado de forma incorreta, o procedimento pode gerar explosões localizadas ou projeções de calor não controladas[27]. Por isso, não se recomenda – até o momento – que essas mantas possam ser utilizadas por condôminos ou funcionários não treinados, como preventivo fixo em edificações residenciais para incêndios em veículos elétricos.

Foto: Arquivo do autor
Figura 3 – Exemplo de manta da CKC [26]
Outro erro recorrente é desprezar o papel do sistema fixo da edificação como eixo central da estratégia de resposta. As medidas tradicionais e consagradas, como hidrantes de parede e chuveiros automáticos continuam sendo as mais efetivas formas de resposta a incêndios — tanto em veículos a combustão quanto em elétricos. Além disso, a evacuação imediata da área, o acionamento do Corpo de Bombeiros, e o afastamento de veículos ou materiais combustíveis adjacentes (realizado por pessoal capacitado/equipado) são as respostas legítimas em casos de incêndio em veículos.
Por fim, é necessário desfazer outra falácia bastante difundida: a de que a água não serve para incêndios em veículos elétricos. Em realidade, a água continua sendo o agente extintor mais acessível e disponível para equipes do Corpo de Bombeiros Militares. O agente extintor “água” pode ser utilizado tanto para resfriamento de setores de baterias não atingidos pelo incêndio, como para evitar a propagação térmica para veículos ou estruturas próximas. O que muda, nos incêndios de carros elétricos, é que o tempo de combate pode ser maior e a demanda de água mais significativa, especialmente em casos de ignição total de baterias. Isso, porém, não invalida o uso da água — apenas reforça a necessidade de que o combate seja feito exclusivamente por meios técnicos e profissionais.
Em resumo, a segurança contra incêndio em veículos, sejam eles elétricos ou a combustão, não será garantida por soluções extremamente inovadoras, proposições comerciais sem certificação, dispositivos não prescritos por normas e equipamentos/agentes extintores não formalmente validados no Brasil. É importante observar que a inovação (produtos citados acima) é favorável à SCI, mas a resposta técnica e eficaz continua sendo a adoção rigorosa das medidas previstas nas normas vigentes. O investimento em sistemas passivos e ativos bem projetados e mantidos, sensibilização de condutores/proprietários, além de exercícios de evacuação com ocupantes da edificação permanecem como soluções mais válidas e legitimas, conforme será reforçado logo abaixo.
O que muda na proteção, prevenção e mitigação de incêndios veiculares?
A proteção contra incêndios em edificações que abrigam veículos — sejam eles elétricos ou a combustão — preliminarmente não depende de soluções inéditas ou tecnologias disruptivas, conforme argumento de Hoffman, bombeiro militar, engenheiro eletricista e pesquisador no tema de eletromobilidade [28] e não há mudanças bruscas nas práticas de SCI. As ferramentas já estão disponíveis e bem consolidadas no campo da segurança contra incêndio. O que falta, muitas vezes, é aplicação efetiva, responsabilidade técnica e rigor na aceitação das prescrições já previstas em normas existentes. A ideia é prover sistemas de segurança consagrados, já definidos em legislação, normas técnicas e diretrizes dos Corpos de Bombeiros estaduais.
O primeiro passo obrigatório é a elaboração de um projeto legal de segurança contra incêndio, assinado por profissional legalmente habilitado e devidamente aprovado junto ao Corpo de Bombeiros. Esse projeto deve ser acompanhado de um projeto executivo detalhado, compatível com as exigências da edificação e com as particularidades dos riscos envolvidos. Infelizmente hoje parte dos profissionais projetistas estão focados apenas no projeto legal e nas aprovações formais do Corpo de Bombeiros Militar local. A ausência ou deficiência do projeto executivo compromete diretamente a confiabilidade do sistema instalado, inviabiliza a correta manutenção futura e aumenta o risco de falhas operacionais em uma emergência.
Além do projeto legal, a edificação deve possuir a devida vistoria técnica aprovada pelos bombeiros, com emissão do respectivo AVCB ou documento equivalente (licença ou alvará de segurança contra incêndio). Não adianta ter projeto sem uma vistoria aprovada do bombeiro local. Toda o dimensionamento, execução e manutenção devem estar debaixo da atuação de profissionais habilitados e vinculados ao sistema CREA ou CAU, com emissão de ART ou RRT, laudos e garantias formais. Um erro comum é acionar um engenheiro ou arquiteto apenas para aprovar um projeto ou renovar o AVCB de tempos em tempos. É importante que síndicos e prepostos de edificações busquem além: a edificação deve possuir um responsável técnico permanente, que conheça a edificação e motive as manutenções, inspeções e atualizações dos sistemas instalados.
Na proteção ativa, as medidas devem incluir detecção e alarme de incêndio e a instalação funcional de hidrantes de parede, chuveiros automáticos (sprinklers). A população de uma edificação deve estar ciente o quanto antes de um princípio de incêndio pela central de alarme; o problema reside quando a edificação não tem detecção/alarme, os ocupantes não sabem reconhecer um alarme de incêndio a central de alarme está permanentemente com diversos alarme de falhas. Quanto aos sistemas hidráulicos, deve haver um cuidado especial com as bombas de incêndio com acionamento automático ligadas a reservatórios exclusivos para combate a incêndio, tudo deve estar em perfeito funcionamento. Todos os componentes devem passar por testes hidrostáticos, com simulações de partidas automáticas e manuais, bem como ensaios de estanqueidade realizados por empresa ou técnico especializado para aferir a resistência da tubulação. Infelizmente uma situação inadequadamente comum é que as bombas não passem mais, após aprovação de vistoria, por inspeções e testes, além da tubulação estar por vezes degradada ou oxidada, com vazamentos.

Foto: Arquivo do autor
Figura 4 – Tubulação de hidrante de parede degradada e obstruída.
Nas instalações elétricas, é imprescindível o cumprimento das normas técnicas aplicáveis, como a NBR 5410 e NBR 17019, garantindo proteção contra sobrecorrentes, curtos-circuitos, falhas de isolamento e surtos elétricos. Isso inclui o uso de circuitos e proteções (disjuntores) dedicados, dispositivos DR tipo B, DPS e esquemas de aterramento compatíveis, além da segregação adequada de circuitos e condutores. Essas medidas já foram citadas aqui nesse artigo. O que não ocorrer é a ausência de inspeções regulares, aumento da carga ou instalações de pontos de recarga sem a avaliação formal de um especialista em instalações elétricas.

Imagem: Arquivo do autor
Figura 5 – Laudo de perícia criminal do incêndio do Joelma: demanda excessiva, aparelhos de climatização ligados em série sem circuito dedicado, substituição inadequada de disjuntor para um de maior amperagem, condutores de qualidade insuficiente e manutenção inadequada das instalações elétricas.
Quanto à segurança estrutural, a edificação deve atender ao tempo requerido de resistência ao fogo (TRRF) conforme sua classificação de risco e uso. Elementos estruturais como pilares, vigas e lajes devem ser protegidos contra colapso térmico com o uso de materiais de sacrifício (argamassa projetada, chapas de proteção, revestimentos intumescentes ou soluções técnicas equivalentes). A verificação da resistência ao fogo deve ser contemplada ainda em fase de projeto e revista sempre que houver alteração no uso da edificação. A situação desfavorável é a edificação nunca ter passado por avaliação de um especialista estrutural ou apresentar um TRRF insuficiente e inadequado na garagem/subsolo.

Foto: Arquivo do autor
Figura 6 – Ausência de materiais de revestimento contra fogo e de sacrifício: potencial ruína generalizada.
Outro pilar essencial é prover conhecimentos mínimos dos ocupantes da edificação para situações de incêndio. Cita-se, por exemplo: saber reconhecer de rotas de fuga, acionar alarmes, tentar usar extintores e simular procedimentos básicos de abandono. Para isso, é recomendado inclusive para edificações residenciais, a realização de simulados de evacuação periódicos, coordenados por brigadas de incêndio internas ou pela unidade de bombeiro militar local (isso pode ser facilmente solicitado no quartel da área). Populações não treinadas e não habituadas a exercícios simulados certamente apresentaram comportamento inadequado em sinistros reais (não ter respostas efetiva em alarmes de incêndios, tentar sair de carro, retornar para buscar pertences pessoais).
Espera-se que as reflexões e orientações aqui apresentadas sirvam de subsídio técnico e prático para síndicos, engenheiros, gestores prediais e legisladores, auxiliando na construção de ambientes mais seguros e preparados para os desafios emergentes da eletromobilidade. A adoção de condutas responsáveis e tecnicamente fundamentadas não apenas mitiga riscos, mas impulsiona a confiança social na transição energética que vivenciamos.
De forma a orientar proprietários e síndicos de condomínios e edificações, segue abaixo um conjunto de orientações que podem auxiliar a SCI quanto à eletromobilidade:
✅ RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇA PARA MICROMOBILIZADORES ELÉTRICOS EM AMBIENTES CONSTRUÍDOS
🏠 1. Residências e apartamentos, para proprietários:
- Evite carregar o equipamento dentro de casa, especialmente durante a noite ou em ambientes sem vigilância.
- Jamais deixe os equipamentos bloqueando rotas de fuga: corredores, portas de entrada e escadas devem estar sempre livres.
- Não carregue ou armazene scooters, e-bikes e monociclos em áreas comuns internas como corredores de andares, halls de elevadores ou dentro de unidades habitacionais.
- Prefira carregar em varandas, áreas abertas ou ventiladas, onde eventual fumaça tóxica ou fogo possam ser dissipados para a atmosfera.
- Evite sobrecarga ou uso de adaptadores improvisados (benjamins, extensões finas, tomadas derretidas).
- Não tente resfriar baterias superaquecidas com métodos caseiros, como colocá-las em geladeiras ou freezers – isso pode causar explosão instantânea.
- Pense em instalar detectores pontuais de fumaça em residências, ligados ao celular, Alexa, Google Nest e outros aplicativos.
🏢 2. Condomínios residenciais, edifícios multifamiliares, escritórios e ambientes comerciais, para síndicos:
- Proíba por regimento interno o uso de corredores, halls e escadas para armazenamento ou recarga.
- Proíba por regimento interno a armazenagem de papéis, móveis, colchoes, tecidos, lixo, gasolina, diesel ou outros itens inflamáveis em armários e garagens e estacionamentos;
- Defina uma área específica de bicicletário com sistema de ventilação natural ou exaustão mecânica.
- Nunca permita o acúmulo de micromobilizadores elétricos lado a lado – mantenha distância mínima de 50 cm entre cada item, evitando que uma falha em um se propague para os demais.
- Priorize câmeras de vigilância e presença de porteiro ou zelador para identificação rápida de fumaça ou superaquecimento.
- Confira a existência de projeto de instalações de incêndio, bem como a validade da última vistoria do Corpo de Bombeiros Militar local;
- Revise as instalações elétricas e hidráulicas de incêndio, com acompanhamento permanente de um engenheiro/arquiteto, com emissão de ART/RRT, laudos de ensaios e testes e garantias previstas em NBRs.
- Sempre que possível, revise e teste o sistema detecção/alarme, hidrantes de parede e chuveiros automáticos nos locais designados para esses veículos.
- Instale e confira dispositivos de proteção contra sobrecarga, por meio de um engenheiro/arquiteto, nas tomadas (disjuntores termomagnéticos, DPS, etc.).
- Proíba o carregamento de veículos elétricos nos andares de escritório ou dentro das salas de trabalho.
- Incentive o espaçamento mínimo entre veículos elétricos de micromobilidade, reduzindo risco de propagação.
- Estabeleça zonas técnicas no térreo ou subsolo, com ventilação cruzada e preferencialmente compartimentadas, para veículos elétricos.
- Mantenha rotas de evacuação sinalizadas e livres, e proíba o estacionamento desses veículos em rotas de fuga.
- Confira a existência de projeto de instalações de incêndio, bem como a validade da última vistoria do Corpo de Bombeiros Militar local;
- Revise as instalações elétricas e hidráulicas de incêndio, com acompanhamento permanente de um engenheiro/arquiteto, com emissão de ART/RRT, laudos de ensaios e testes e garantias previstas em NBRs.
- Caso o proprietário de vaga deseje instalar um ponto de recarga de veículo elétrico, exija a prestação de serviço por empresa/profissional especializado, com carregadores certificados, verificação das instalações elétricas da edificação, emissão de ART, laudos e garantias.
- Evite aumento de carga, obras e frente de serviços fragmentadas em diversos profissionais e separadas em períodos. Priorize obras bem planejadas e integrais, com um único profissional, tentando abranger o máximo de proprietários possível, se não, englobando todos os moradores e condôminos.
- Proíba veículos com baterias visivelmente danificadas, infladas ou de procedência duvidosa.
Referências
- 1 – Como lidar com incêndio em baterias de lítio? Participação de Marcelo Valle. YouTube, 26 mar. 2024. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=PgvC4IUsX5s. Acesso em: 26 jun. 2025.
- 2 – Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Parecer Técnico nº CCB-001/800/24 – Requisitos de segurança contra incêndio para recarga de veículos elétricos. São Paulo, SP, 2024.
- 3 – Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. Portaria nº 5956, de 11 de outubro de 2024. Suspende a vigência da Norma Técnica nº 45 – Sistemas de recarga para veículos eletrificados. Goiânia, GO, 2024.
- 4 – Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Sergipe. PARECER TÉCNICO Nº 022/2024 – Implicações do ponto de vista da Segurança contra Incêndio e Pânico quanto a instalação de Pontos de Carregamento para carros elétricos. Aracaju, SE, 2024 .
- 5 – CREA-SE. Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Sergipe. Ofício Circular CREA-SE nº 007/2024 – Esclarecimentos técnicos sobre responsabilidades profissionais e exigências legais para sistemas de recarga de veículos elétricos. Aracaju, SE, 2024 .
- 6 – Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. Memorando Circular nº 3/2024 – Recomendação CBMDF/DIVIS/SEFIS sobre veículos elétricos (bateria). Brasília, DF, 16 dez. 2024. Disponível em: https://sei.df.gov.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&id_documento=158786345. Acesso em: 26 jun. 2025.
- 7 – Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro. Nota Técnica CHEMG 326/2025 – Requisitos e recomendações de segurança para estações de recarga de veículos elétricos. Rio de Janeiro, RJ, 2025.
- 8 – CREA-SE. Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Sergipe. Nota Técnica n.º 001/2024/SETEC/CBMSE – Diretrizes para análise de risco e medidas preventivas relacionadas à recarga de veículos elétricos em edificações. Aracaju, SE, 2024 .
- 9 – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHEIROS ELETRICISTAS – REGIONAL DE GOIÁS. Nota de repúdio à Nota Técnica nº 001/2025 do CREA-SE. Goiânia, 20 jun. 2025. Disponível em: https://www.linkedin.com/posts/abeego-oficial_crea-se-confea-conselho-federal-de-engenharia-activity-7340802460506021888-pxF0?utm_source=share&utm_medium=member_desktop&rcm=ACoAAAlbbvoB8VkvdwQLOUGMg__cPBCMNpwDNBo. Acesso em: 27 jun. 2025.
- 10 – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO VEÍCULO ELÉTRICO. ABVE e mais 8 entidades divulgam comunicado sobre a consulta pública dos Bombeiros. 7 maio 2024. Disponível em: https://abve.org.br/abve-e-mais-oito-entidades-divulgam-comunicado-sobre-a-consulta-publica-dos-bombeiros-de-sp/. Acesso em: 27 jun. 2025.
- 11 – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5410:2004 – Instalações elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. 109 p. (com Errata 1:2008).
- 12 – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 17019:2022 – Instalações elétricas de baixa tensão – Requisitos para instalações em locais especiais – Alimentação de veículos elétricos. Rio de Janeiro: ABNT, 2022. 14 p.
- 13 – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14136:2012 – Plugues e tomadas para uso doméstico e análogo até 20 A/250 V em corrente alternada – Padronização. Rio de Janeiro: ABNT, 2012. Versão corrigida em 2013.
- 14 – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13570:1996 — Instalações elétricas em locais de afluência de público — Requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 1996.
- 15 – INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION. IEC 61851-21:2001 — Electric vehicle conductive charging system – Part 21: Electric vehicle requirements for conductive connection to an a.c./d.c. supply. Geneva: IEC, 2001.
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- 28 – MONTEIRO, Hoffman Xavier Gouveia. Uma reflexão sobre: Baterias de lítio. In: SEMANA NACIONAL DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E EMERGÊNCIAS, 5., 2024. [1º DIA]. Brasília: 2024. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=s_USmNXu9eE&t=8346s. Acesso em: 26 jun. 2025.
Rodrigo Almeida Freitas

Bombeiro militar, do CBMDF, com 22 anos de serviço, entusiasta da Segurança Contra Incêndio (SCI), Engenheiro Civil, especializado em Segurança do Trabalho, pesquisador e professor. Atua em simulação computacional de incêndio e de evacuação. Cursa atualmente Doutoramento em Segurança aos Incêndios na Universidade de Coimbra, em Portugal.
https://www.linkedin.com/in/rodrigo-freitas-04a6a944
[1] Dados não disponibilizados nas fontes consultadas até a data de elaboração deste artigo.


