Noticiamos em Cipa que a atualização da Norma Regulamentadora 1 (NR-1), sobre fatores de riscos psicossociais no ambiente de trabalho, por meio do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO), terá início em 26 de maio, porém em caráter educativo, ou seja, as empresas terão mais um ano para se adequarem e não incorrerem em multas.
Uma das razões, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), se dá para que as adaptações dentro das empresas estejam também em consonância com outra norma, a NR-17 (ergonomia), cujos diagnósticos de possíveis riscos psicossociais abranjam a Avaliação Ergonômica Preliminar (AEP) e Análise Ergonômica do Trabalho (AET), em casos específicos.
Adaptações ergonômicas
Independentemente das alterações, especialistas enfatizam que a ergonomia é essencial no exercício das atividades e que são passíveis de punições, caso acontecem doenças ocupacionais por conta de erros e lesões decorrentes de um ambiente com mobiliário impróprio, sem adoção de pausas, ou mesmo por não orientar sobre ginastica laboral nos modelos de trabalho presencial, híbrido e remoto, por exemplo.
À EXAME, Patricia Barboza, sócia-fundadora e head da área trabalhista do CGM Advogados, o prazo para essas adequações é importante, porém não pode ser visto como “trégua” e sim como uma tomada de consciência por parte dos gestores. “É hora de sair da lógica de mero cumprimento das normas para entrar na lógica da transformação”, alerta.
E essa atenção deve ser prioritária: segundo artigo publicado pela Omnia, empresa especializada em consultoria de recursos humanos e sistemas de gestão, a ausência de mobiliário ideal, como cadeiras e mesas apropriadas, iluminação insuficiente e falta de pausas regulares contribuem significativamente para o aumento de casos de Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT).
Resultado: além de questões físicas, a incapacidade por conta dessas doenças também afeta a saúde mental, como já falamos aqui anteriormente.
Produtividade
A ergonomia precisa deixar de ser vista como custo e ser reconhecida como um investimento, reduzindo afastamentos, aumentando desempenho dos funcionários e fortalecendo a reputação das empresas como responsáveis pelos seus times.
Uma pesquisa da ElevaLife, consultoria para desenvolver estratégias personalizadas para o assunto, é possível obter até 25% de aumento na produtividade, significativa de redução nos afastamentos por motivos de saúde e efetiva melhora na retenção de talentos, com impacto direto na eficiência operacional das equipes, quando se adotam ações de ergonomia nas operações.
“Com o avanço das regulamentações trabalhistas, as empresas têm agora uma oportunidade única de transformar seus ambientes de trabalho em espaços mais saudáveis. Mais do que atender a uma obrigação legal, é preciso que líderes e equipes repensem o cuidado com o bem-estar como um diferencial estratégico, capaz de gerar engajamento, produtividade e resultados sustentáveis”, explica João Barbosa, co-founder da ElevaLife e ergonomista sênior certificado pela Associação Brasileira de Ergonomia e Fatores Humanos (Abergo).
Na opinião de César Soares, gerente de e-commerce da Mixtou, fornecedora de itens para escritórios, investir em equipamentos como suportes de monitor com regulagem de altura, mesas ajustáveis e periféricos com design ergonômico são opções para tornar a jornada mais funcional.“Acreditamos que investir em um ambiente de trabalho mais confortável pode impactar positivamente no dia a dia dos profissionais, especialmente aqueles que atuam de casa. Isso mostra que a empresa promove o bem-estar dos colaboradores, otimizando seus resultados”, conclui, ao site Repórter Regional.