A FDIC International 2025 reafirmou sua posição como a maior e mais influente feira de combate a incêndios e resgate da América do Norte. Realizada de 7 a 12 de abril em Indianápolis, a feira atraiu mais de 35 mil profissionais do setor, entre bombeiros, instrutores, engenheiros, técnicos, gestores públicos, fabricantes de equipamentos, pesquisadores e líderes institucionais de diferentes países. O evento ocupa não apenas os pavilhões do Indiana Convention Center, mas também o Lucas Oil Stadium e áreas externas adaptadas para simulações e oficinas práticas. Essa estrutura multifuncional transforma Indianápolis, durante uma semana, na capital mundial do conhecimento em emergências e resposta a desastres.
Com mais de 800 expositores, a feira apresentou uma vitrine de soluções que vão desde vestimentas de proteção e plataformas de comando até tecnologias de realidade aumentada, robótica e inteligência artificial. A FDIC se diferencia por integrar educação, demonstração de produtos e treinamento em escala real, o que a torna singular para atualização técnica, negócios, parcerias e fortalecimento institucional de corporações e fabricantes. O evento também impulsiona a criação de políticas públicas baseadas em evidências, ao reunir dados, estudos de caso e experiências compartilhadas entre profissionais de campo e tomadores de decisão.
Um dos destaques da edição foi a programação educacional, que contou com 15.764 participantes em 377 sessões revisadas por um conselho consultivo especializado. Os Treinamentos Práticos em Campo (Hands-On Training) envolveram 63 atividades em 14 locais distintos, com apoio do Corpo de Bombeiros de Indianápolis e patrocínio de empresas que forneceram Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e tecnologias de suporte. Além disso, foram promovidos workshops híbridos, tecnologias de realidade virtual, equipamentos autônomos e soluções com inteligência artificial. A ampliação da área de simulações (Drill Yard) e o lançamento de novas cúpulas temáticas – uma voltada ao combate a incêndios industriais e outra à tecnologia aplicada – reforçaram a vocação da feira para o futuro do setor.
Presença brasileira em destaque
A participação brasileira na FDIC International 2025 foi marcada por delegações representativas dos Corpos de Bombeiros de Goiás (CBMGO), Amazonas (CBMAM) e São Paulo (CBPMESP). Com formações operacionais e realidades geográficas distintas, cada corporação levou à feira uma leitura própria das necessidades e buscou oportunidades que envolvem o aprimoramento da atividade de combate a incêndios e salvamento no Brasil.

Integrantes do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo (Foto: Divulgação/CBMESP)
No caso paulista, o CBPMESP (Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo), responsável por atuar em uma das maiores metrópoles do mundo, deu atenção especial a tecnologias aplicáveis ao ambiente urbano, como sistemas de supressão de fumaça, equipamentos de comunicação em estruturas colapsadas e respiradores com sensores integrados. O tenente-coronel Orival Santana Júnior, chefe da delegação, reforçou que o evento ofereceu acesso direto às inovações mais atuais do setor.
“A FDIC é um mergulho técnico e institucional. Voltamos com informações que podem impactar diretamente o nosso planejamento operacional e a política de aquisição de novos equipamentos”, afirmou o tenente-coronel Orival.
Além disso, o CBPMESP acompanhou de perto a Cúpula de Oficiais Metropolitanos, realizada no início da semana, e que discutiu temas como escassez de efetivo, padronização doutrinária e integração entre forças. A participação nesse espaço de diálogo foi vista como estratégica para pensar soluções compartilhadas em ambientes urbanos densamente povoados, como o da capital paulista.
Já o Corpo de Bombeiros Militar de Goiás, representado pelo subcomandante-geral coronel Pablo Lamaro Frazão, destacou os benefícios de observar o uso de inteligência artificial em situações operacionais, como a análise preditiva de riscos, e de avaliar tecnologias voltadas à formação de tropas em ambientes controlados com realidade virtual. “Somos um estado com áreas rurais extensas, cidades de médio porte e forte presença da agroindústria. Precisamos de soluções híbridas, que dialoguem com essa diversidade geográfica e funcional”, explicou.

Da esquerda para a direita: capitão Célio Fernando de Paula (chefe da Seção de Compras – 4º BBM-CBMGO); coronel Pablo Lamaro Frazão (subcomandante geral do CBMGO); comandante geral do CBMAM, Orleilso Ximenes Muniz; coronel Hélio Cristiano do Carmo (comandante do 2º CRBM-CBMGO); e ten cel André Luiz Martins Felipe (comandante do 4º BBM-CBMGO) – Foto: Divulgação/CBMGO
O coronel também ressaltou que a presença de um oficial na FDIC pela primeira vez abre novos horizontes de aprendizado para a corporação, contribuindo com a evolução da doutrina de resposta e do planejamento estratégico. “Acreditamos que, mais do que absorver, estamos nos preparando para futuramente compartilhar experiências em pé de igualdade”, afirmou.
Para o CBMAM, o desafio é adaptar recursos globais a uma geografia absolutamente singular. “A floresta, os rios e as distâncias são componentes do nosso cotidiano. Não podemos operar com os mesmos parâmetros de centros urbanos”, declarou o comandante da corporação, coronel Orleilso Ximenes Muniz. Na FDIC, a delegação concentrou esforços na busca por soluções portáteis, resistentes à umidade, de fácil manutenção e que pudessem ser adaptadas a embarcações fluviais ou pequenas bases avançadas.

Comandante geral do Corpo de Bombeiro do Amazonas, Orleilso Ximenes Muniz; e a capitã Raquel de Souza Praia (Foto: Divulgação/CBMAM)
Entre os destaques observados pelo CBMAM estiveram os sonares subaquáticos, os retardantes naturais não tóxicos e boias motorizadas que podem ser lançadas de helicópteros ou por margem. O comandante enfatizou que tais recursos, embora simples, podem significar ganhos operacionais expressivos.
“Estamos sempre em busca de soluções viáveis que respeitem o meio ambiente e que consigam chegar aonde nossa estrutura logística ainda enfrenta dificuldades”, comentou coronel Orleilso.
As três corporações participaram de visitas técnicas, reuniões com fornecedores e sessões de simulação com equipamentos em teste. Em comum, as delegações brasileiras reforçaram que a experiência na FDIC extrapola o acesso a produtos — é também uma construção de conhecimento e um convite à reflexão institucional.
Todos os comandantes concordam que a visita à FDIC proporcionou uma visão ampliada do que é possível incorporar à realidade brasileira, respeitando contextos e orçamentos distintos. “Saímos com ideias claras para revisar doutrinas, capacitar efetivos e aprimorar nossas diretrizes de compras públicas”, afirmou o coronel Frazão.
Além do componente técnico, os oficiais destacaram o papel simbólico da participação internacional. “A troca com bombeiros de outros países nos fortalece e inspira. O Brasil tem muito a aprender, mas também tem muito a mostrar”, concluiu o coronel Orival Santana Júnior. Para todos os envolvidos, a FDIC é uma plataforma de reconhecimento, conexão e valorização do profissional que atua na linha de frente — da floresta à cidade, do sertão ao litoral.
MSA reforça posição no mercado
Entre os destaques da indústria brasileira, a MSA Safety apresentou na FDIC equipamentos de última geração voltados à proteção individual e ao desempenho operacional em cenários de alta complexidade. Entre os lançamentos, destacaram-se a máscara autônoma G1 XR Edition, a jaqueta Globe XTREME PRO e o capacete Cairns 1836 — todos em conformidade com os padrões da NFPA e desenvolvidos para oferecer mais conforto, resistência e tecnologia embarcada.

Foto: Divulgação/MSA Safety
Segundo Anderson Alves, gerente da unidade brasileira, a nova máscara G1 XR integra recursos de telemetria que permitem monitorar sinais vitais do bombeiro em tempo real, como pressão do cilindro, tempo de operação restante e temperatura ambiente. “São avanços que agregam segurança à operação e permitem decisões mais rápidas e precisas, especialmente em estruturas colapsadas ou ambientes com baixa visibilidade”, explicou.
A MSA também promoveu um café da manhã institucional com a delegação brasileira, reunindo executivos da empresa na América Latina e representantes de diversas corporações. A ação teve como objetivo fortalecer o diálogo direto com os usuários e captar as especificidades das operações locais.
“É só ouvindo quem está na linha de frente que conseguimos entregar soluções eficazes e duradouras. A escuta técnica é parte essencial do nosso processo de desenvolvimento”, reforçou Anderson.
Com cerca de 500 equipamentos de respiração autônoma certificados em operação no Brasil, muitos com mais de sete anos de uso, a MSA destaca sua garantia de 15 anos contra defeitos de fabricação. O compromisso com longevidade, sustentabilidade e suporte técnico nacional posiciona a empresa como uma das referências no setor de EPIs para emergência e resgate.

Anderson Alvez, gerente nacional Órgãos Públicos
da MSA Safety (Foto: Divulgação/MSA Safety)
Durante a feira, a MSA também participou de rodadas técnicas e compartilhou estudos sobre ergonomia, estabilidade de peças em uso prolongado e impacto da tecnologia na saúde ocupacional dos bombeiros. O engajamento com os visitantes foi descrito por Anderson como “o mais intenso da última década”, refletindo o interesse por soluções integradas e baseadas na realidade das corporações.
JGB acompanha as tendências globais em combate a incêndio e resgate
Presente na FDIC desde 2011, a JGB Equipamentos reafirmou seu compromisso com a inovação e com o desenvolvimento de soluções alinhadas às exigências técnicas do setor de combate a incêndios e resgate. A cada edição, a presença da JGB se fortalece, ampliando relacionamentos e abrindo novas oportunidades de crescimento no cenário internacional. Além da busca por tecnologia de ponta, a empresa vem consolidando um olhar atento à inclusão nas corporações, especialmente no que diz respeito à representatividade feminina, uma pauta que vem ganhando força em nível global e que reforça a necessidade de equipamentos mais adequados a diferentes biotipos e realidades operacionais. A JGB é uma empresa que está sempre atenta às tendências e inovações no cenário global. Em diversas frentes, a empresa é pioneira no desenvolvimento de soluções no Brasil e na América Latina. Eles observam que os riscos relacionados a incêndios têm evoluído de forma acelerada, exigindo respostas cada vez mais eficientes e atualizadas. Segundo a diretora Joana Brasil: “grandes eventos internacionais como a FDIC são pontos de encontro globais onde se compartilham avanços, boas práticas e os principais desafios do setor. Reúnem especialistas com profundo conhecimento técnico para tratar dos temas mais relevantes e atualizados da área, promovendo trocas valiosas de informações e aprendizados”.

Equipe da JGB (Foto: Divulgação/JGB)
A executiva explica que a FDIC é um dos principais eventos internacionais voltados à segurança e ao aperfeiçoamento das operações de combate a incêndios e resgate. “Realizado nos Estados Unidos, o evento reúne profissionais de diversos países para discutir, treinar, apresentar e visualizar as maiores inovações e debates relacionados aos riscos enfrentados por bombeiros — tanto em incêndios florestais, estruturais, operações de resgate, entre outras. Além dos riscos físicos evidentes, a FDIC também aborda temas fundamentais como as chamadas ´doenças invisíveis´, adquiridas ao longo da atuação profissional, como a contaminação por fumaça tóxica e a exposição a substâncias perigosas durante os atendimentos”, informa.
Para o presidente da JGB, José Geraldo Brasil: “Na FDIC, visualizamos constantemente possibilidades que, com o tempo, se transformam em soluções concretas, adaptadas à nossa realidade. Essas conexões reforçam nosso compromisso com a inovação e com a entrega de EPIs cada vez mais eficientes e alinhados aos desafios atuais enfrentados pelos combatentes e resgastistas”.
Integração e futuro
A presença brasileira na FDIC 2025 reforça a importância da integração internacional como ferramenta estratégica para o fortalecimento institucional e a qualificação técnica das corporações de bombeiros no país. Ao promover o encontro entre diferentes culturas operacionais, a feira amplia o olhar sobre a cultura de prevenção, a inovação aplicada e a gestão eficiente de riscos. As delegações brasileiras destacaram especialmente a aplicabilidade dos treinamentos e a troca de experiências com instrutores e desenvolvedores internacionais, o que abre novas perspectivas para a modernização local.
Mais do que um ambiente de exposições, a FDIC se consolidou como um fórum global de governança técnica, baseado em trocas entre pares, escuta institucional e compromisso com a evolução contínua das práticas. Ao participar ativamente desses espaços, o Brasil reforça sua posição como interlocutor relevante e se beneficia de um processo de aprendizado mútuo, no qual as especificidades regionais podem dialogar com soluções globais adaptáveis.
A repercussão da feira entre os participantes brasileiros já motivou iniciativas concretas de desdobramento. Algumas delegações iniciaram tratativas com fabricantes internacionais para testes-piloto de novas tecnologias em território nacional, enquanto outras planejam revisar currículos de formação e conteúdos programáticos em cursos de oficiais e praças. A perspectiva compartilhada é de que esse intercâmbio internacional se torne cada vez mais frequente e estruturado, passando a integrar permanentemente as estratégias de capacitação e aquisição de equipamentos pelas corporações brasileiras.
Nesse contexto, a expectativa é de que o fortalecimento do diálogo técnico internacional impulsione a criação de novos programas de certificação, padronização e incentivo à inovação voltados ao setor. “Eventos como a FDIC, somados ao papel estruturante da Fireshow no Brasil, podem atuar como catalisadores de políticas públicas mais consistentes, assegurando que o conhecimento global seja convertido em ações locais eficazes, conectadas à realidade nacional e sustentadas por uma rede crescente de cooperação técnica internacional”, conclui Regina Silva, diretora de portfólio e vendas internacionais da Fiera Milano Brasil, organizadora e promotora da brasileira Fireshow (leia box).
Fireshow: a referência brasileira
No Brasil, o principal evento voltado à prevenção e combate a incêndios é a Fireshow, organizada pela Fiera Milano Brasil. Realizada em São Paulo, em paralelo à FISP (Feira Internacional de Segurança e Proteção), a feira reúne fabricantes, distribuidores, especialistas, instituições públicas, profissionais da engenharia e representantes dos Corpos de Bombeiros de todo o país.

Foto: Divulgação/FMB
A Fireshow cumpre um papel estruturante ao oferecer um espaço de encontro entre inovação tecnológica, regulamentação nacional e atualização profissional. Ao longo de suas edições, o evento vem consolidando um ambiente propício para a difusão de boas práticas, o intercâmbio de conhecimento e a ampliação da cultura de segurança contra incêndios em todos os níveis — público, privado e comunitário.
Para Regina Silva, diretora de portfólio e vendas internacionais da Fiera Milano Brasil, a participação qualificada de representantes brasileiros na FDIC contribui para expandir a visão estratégica do setor e fortalece, por consequência, o papel da Fireshow como plataforma nacional de excelência.
“A Fireshow tem justamente esse propósito: oferecer ao mercado brasileiro um ambiente de referência, onde a troca de conhecimento, a atualização técnica e a valorização dos profissionais estejam sempre em primeiro plano”, afirma.
Alinhada com os principais fóruns internacionais da área, a feira brasileira acompanha tendências como o desenvolvimento de EPIs personalizados, tecnologias de monitoramento remoto, sistemas de supressão de nova geração e soluções sustentáveis para incêndios florestais. Ao mesmo tempo, promove um debate fundamental sobre legislação, prevenção, capacitação técnica e políticas públicas. Essa convergência entre mercado, instituições e sociedade civil é um dos diferenciais que a tornam uma ferramenta essencial para o avanço da segurança contra incêndios no Brasil.