Um incêndio que atingiu a subestação de energia do Hospital Dr. César Cals, no Centro de Fortaleza (CE), na manhã de 13 de novembro, ressaltou de forma dramática a necessidade crítica de manutenção predial rigorosa e planos de contingência em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS). Apesar de ninguém ter se ferido, o incidente forçou a rápida e emergencial retirada de dezenas de pacientes, incluindo recém-nascidos, devido à intensa fumaça.
O Corpo de Bombeiros foi acionado às 10h50 e controlou as chamas em cerca de meia hora (11h15). O foco do incêndio foi identificado na subestação de energia interna, o coração elétrico da unidade. Como medida de segurança imediata, o fornecimento de energia e gás foi interrompido, mobilizando a equipe do hospital em uma complexa operação de transferência.
Imagens divulgadas nas redes sociais mostraram o tumulto da evacuação. Ao todo, 15 pessoas foram transferidas para outras unidades até o fim da manhã, com previsão de mais 40 remoções de pacientes de médio risco, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) do Ceará. A secretária Tânia Mara Silva Coelho esclareceu que o fogo não atingiu as alas de assistência, mas confirmou que a transferência era uma medida de precaução e que o hospital passará por “adequações elétricas”.
Foco na manutenção elétrica e o risco oculto em hospitais
O fato de o incêndio ter se originado na subestação de energia lança luz sobre um dos maiores riscos de segurança em edificações antigas ou com alta demanda tecnológica: a falha elétrica.
Em hospitais, a rede elétrica é sobrecarregada pelo uso contínuo de equipamentos de suporte à vida, sistemas de imagem e climatização. A falta de manutenção preventiva e periódica em subestações, painéis de distribuição e fiações desgastadas pode levar a curtos-circuitos, sobreaquecimento e, consequentemente, incêndios.
A manutenção elétrica é regida no Brasil por normas como a NR-10 (Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade) e normas técnicas da ABNT, que exigem inspeções regulares. No contexto hospitalar, o prejuízo de uma falha é triplo: compromete a segurança de pacientes, gera altos custos de reparo e, principalmente, interrompe a continuidade dos serviços essenciais.
Prevenção de incêndios em hospitais: normas e desafios
Incêndios em hospitais representam um desafio único para a segurança, pois envolvem a evacuação de pessoas com mobilidade reduzida ou dependentes de equipamentos para sobreviver. Por isso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e normas da ABNT (como a NBR 16651) estabelecem requisitos rigorosos para Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS).
As medidas de prevenção vão além da instalação de extintores e hidrantes, abrangendo:
- Compartimentação: Uso de barreiras físicas (paredes, portas corta-fogo) para limitar o alastramento do fogo e da fumaça, protegendo áreas críticas como UTIs e centros cirúrgicos.
- Controle de Materiais: Restrição de materiais de acabamento e revestimento altamente inflamáveis (como certos tipos de PVC), que, além de propagar o fogo, emitem gases tóxicos.
- Acessibilidade para Resgate: Garantir que haja acesso livre e desimpedido para viaturas do Corpo de Bombeiros, conforme diretrizes de segurança.
- Plano de Evacuação Testado: A existência de um plano de emergência detalhado e o treinamento constante das equipes, preparando-as para evacuar pacientes de diferentes níveis de risco de forma ágil e segura.
O evento no Hospital Dr. César Cals serve como um alerta nacional sobre a necessidade de investimento contínuo em infraestrutura hospitalar, onde a segurança elétrica é tão vital quanto o próprio atendimento médico.
Este vídeo, com Fabrício Nogueira, engenheiro de segurança do trabalho e profissional que atua, entre outras coisas, como responsável por treinamentos de grandes hospitais, aborda as normas e práticas recomendadas para garantir a segurança contra incêndios em hospitais no Brasil, detalhando objetivos e orientações essenciais. Como garantir a segurança contra incêndios em hospitais: objetivos e práticas recomendadas.


