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Tecnologia inteligente revoluciona sistemas de detecção e prevenção de incêndios

Sistemas modernos de detecção de fogo, impulsionados por IoT, IA e cloud, oferecem uma nova era de segurança. A capacidade de análise de dados, o monitoramento remoto e a comunicação por voz representam avanços vitais na prevenção de tragédias e na proteção do patrimônio

Por Luciana Sampaio Moreira

 

Em janeiro deste ano, um incêndio de grandes proporções no Grand Kartal Hotel, em uma famosa estação de esqui da Turquia, resultou em 76 mortos e 51 feridos. O fogo começou no restaurante do 4º andar durante a madrugada e rapidamente atingiu os pavimentos superiores. Quando se deram conta do que estava acontecendo, muitos hóspedes enfrentaram a fumaça que ocupava os corredores para chegar às saídas de emergência e duas das vítimas fatais pularam pela janela, em um ato de desespero. Tudo isso porque o sistema de detecção e alarme de incêndio (SDAI) da edificação não soou. O prédio de 11 andares tinha 238 hóspedes cadastrados no momento do sinistro.

Em se tratando de prevenção e combate a incêndios, todo cuidado é pouco para evitar vítimas e/ou perdas e prejuízos patrimoniais. Entre os muitos equipamentos disponíveis, o SDAI é o que se pode chamar de estratégico, já que funciona logo no primeiro estágio do sinistro (ignição) para detectar o foco e sua localização, informar os ocupantes sobre o ocorrido, direcionar todos rapidamente para as saídas de emergência e, paralelamente, acionar o painel de controle para que as providências necessárias sejam tomadas para controlar as chamas.

Ademir Santos, coordenador da CE de Detecção e Alarme de Incêndio do Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndio (CB-024) – Foto: Divulgação

Não à toa, tem merecido especial atenção da indústria do setor de prevenção e combate a incêndios, para o uso de tecnologias embarcadas que otimizam o desempenho do sistema. Segundo o engenheiro eletricista e atual coordenador da Comissão de Estudos de Detecção e Alarme de Incêndio do Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndio (CB-024), Ademir Santos, os SDAI tradicionais estão com os dias contados por serem essencialmente fechados e não terem possibilidades de integração. “Já os modernos que incorporam tecnologias digitais e canais de comunicação populares como (Bacnet, Modbus, TCP/IP) permitem vantagens adicionais e ainda têm o melhor custo/benefício”, enfatiza.

Para além da digitalização, Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial (IA) e Cloud Computing são algumas das ferramentas que têm sido empregadas nos novos sistemas como acessórios para agregar funcionalidades, mesmo que os projetos tenham se mantido relativamente conservadores para garantir a confiabilidade.

“Diversos fabricantes têm disponibilizado sistemas que permitem monitoramento em tempo real, emissão de relatórios de teste e gestão centralizada na nuvem. Essas funcionalidades, que antes eram executadas manualmente utilizando papel, ligações telefônicas, planilhas eletrônicas e outros, agora podem ser automatizadas e integradas”, ressalta.

Os dados gerados podem ser analisados por ferramentas de IA para identificar padrões na ocorrência de alarmes falsos ou indesejados, por exemplo, para eliminá-los. Outra solução muito popular é o monitoramento remoto utilizando a cada vez mais difundida (e barata) infraestrutura de comunicação.

“Apesar das óbvias vantagens, é preocupante utilizar uma infraestrutura que não está projetada para situações de emergência. O exemplo clássico é o uso de conexões por Internet em que os equipamentos da rede são alimentados pelo fornecimento normal de energia, o qual pode ser interrompido durante um incêndio, justamente quando mais se precisa deles”, destaca.

Dessa forma, esses meios de comunicação podem ser encarados como auxiliares, ou seja, que existam canais primários confiáveis para o aviso dos alarmes. Convém ressaltar que os sistemas, apesar de integrados, permanecem totalmente independentes para garantir a sua confiabilidade.

Manutenção

Outra vantagem dos novos modelos é a manutenção. “Os componentes de um sistema de detecção e alarme podem ficar longos períodos sem serem ativados. Mesmo assim, devem estar completamente funcionais quando são requeridos. Para garantir esta prontidão, a manutenção deve seguir as normas técnicas e orientações do fabricante”, adverte Santos.

Ademir Santos explica que soluções de equipamentos e gestão interconectadas tornam a manutenção mais eficiente. Informações sobre quando foi feito o último teste do sistema, quando um componente deverá ser inspecionado, avisos automáticos de necessidade de manutenção corretiva, passam a estar acessíveis na palma da mão dos responsáveis pelo uso e dos técnicos de manutenção. A transparência e rapidez no atendimento eleva a confiabilidade do sistema.

Quem estabelece quais edificações devem ter sistemas obrigatórios de alarme e detecção e fiscaliza as instalações são os corpos de bombeiros estaduais, a partir de regulamentações que fazem referência às normas técnicas da ABNT elaboradas pelo CB-024.

A norma NBR 17240 – Projeto, Instalação, Comissionamento e Manutenção de Sistemas de Detecção e Alarme de Incêndio especifica requisitos e boas práticas para que o desempenho de tais sistemas atenda as necessidades de segurança dos consumidores.

Em relação a produtos e componentes, há alguns anos a ABNT decidiu adotar a norma internacional ISO 7240 como padrão brasileiro NBR ISO 7240. Esta norma é prevista para ter 31 partes que versam sobre diferentes tipos de produtos e tecnologias, especificando funções e ensaios que devem ser observados pelos fabricantes de produtos. Há, ainda, as Instruções Técnicas dos Corpos de Bombeiros estaduais que também tratam especificamente desse produto.

Interconectados

O coordenador de treinamentos para profissionais de segurança contra incêndio, projetistas e consultor em Segurança de Emergências, Fabrício Nogueira Gonçalves ressalta que apesar das suas funcionalidades, o SDAI ainda é um produto que tem sido subestimado por profissionais do setor.

Fabrício Nogueira Gonçalves, coordenador de treinamentos para profissionais de segurança contra incêndio e consultor em Segurança de Emergências (Foto: Divulgação)

Nogueira destaca que esse sistema necessita de um projeto bem elaborado para ser eficiente. Além disso, é preciso realizar um comissionamento cuidadoso para garantir que esteja funcionando corretamente e atenda às características necessárias para seu acionamento. Por fim, é essencial ter equipes treinadas e que saibam como atuar no caso do acionamento do alarme, para garantir uma resposta rápida e eficaz.

O especialista também defende a tendência atual por equipamentos interconectados com gestão remota para SDAI e comenta que os projetos de atualização já estão acontecendo no país, para automatizar equipamentos como dumper-corta fogo, catracas, portas, entre outros, e fazer a integração a uma rede que permita a gestão remota e o monitoramento em tempo real, lembrando que para desarmar o sistema deve ter alguém in loco. “Isso permite que os responsáveis pela manutenção do prédio tenham acesso a informações em tempo real sobre o comportamento dos alarmes e outros equipamentos, por meio de um aplicativo (app) instalado em seus celulares”, explica Nogueira.

Diferenças

Os sistemas tradicionais, que são mais antigos, operam de forma convencional, com dispositivos independentes e comunicação limitada. Utilizam laços de fiação que conectam os dispositivos, o que pode aumentar a suscetibilidade a alarmes falsos e limitar a precisão na identificação do ponto alarmado. Apesar de serem mais simples e terem um custo inicial mais acessível, não conseguem oferecer a mesma eficiência e precisão que as versões modernas.

Os SDAI com tecnologia embarcada, como os endereçáveis e inteligentes, representam um universo completamente diferente de informações. Por utilizarem tecnologias avançadas permitem identificar com precisão a localização de eventos e integrar dispositivos em rede. Isso possibilita um monitoramento em tempo real e uma resposta mais ágil e precisa às emergências. O ponto forte desses sistemas é a alta eficiência e a capacidade de análise de dados, o que ajuda a reduzir alarmes falsos e aumenta a segurança geral.

Um aspecto interessante na evolução dos SDAI reside nos experimentos que demonstram a maior eficácia da voz humana em deflagrar a evacuação, em comparação com sirenes. “A voz atua como um elemento de confirmação, impulsionando as pessoas a deixarem o local. Essa tecnologia, conhecida como Voice Evacuation, já é padrão em sistemas avançados e sua adoção é crescente, impulsionada por exigências de seguradoras internacionais e grandes corporações”, conclui Nogueira.

 

MERCADO

Tecnologias embarcadas em SDAI já estão disponíveis no Brasil

SKYFIRE

Foto: Skyfire

A indústria brasileira de alarmes de incêndio tem evoluído significativamente nos últimos anos, com uma maior adoção de tecnologias avançadas e o processo de transição gradual para sistemas endereçáveis e inteligentes.

Com 18 anos de atuação como importadora e distribuidora de SDAI, a Skyfire trabalha para atender às demandas do mercado. Assim, a empresa tem acompanhado a tendência da alta tecnologia e, neste ano, lança uma nova linha de produtos que representa um novo conceito para o mercado brasileiro SDAI.

“O Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio Híbrido CEW- SKYFIRE une a confiabilidade do sistema cabeado ao potencial do sistema sem fio em uma opção versátil que se adequa às especificidades de cada obra. Essa inovação conta com uma central analógica que possibilita a instalação de equipamentos cabeados de forma tradicional, mas também oferece uma nova classe de dispositivos, como o Roteador Wireless, que permite expandir seu raio de atuação aos equipamentos sem fio para uma área de até 300 m”, explica o engenheiro eletricista da Skyfire, João Henrique Moreira Figueiredo.

O equipamento inclui, ainda, uma linha completa de dispositivos alimentados por baterias com autonomia de até 10 anos, possibilidade de setorização de dispositivos com até 128 zonas configuráveis, modo de dia/noite e software de supervisão com interface customizável, inserindo no mercado uma tecnologia robusta e de qualidade internacional, atestada pela Certificação Europeia nos padrões EN-54 e em conformidade com a ISO 7240.

A Skyfire também apresenta uma nova versão da sua central endereçável cabeada, a Skyfire-V4, com a atualização de seu painel com novas funções: lógicas de programação com temporização, botões de atuação manual programável, sirenes endereçáveis alimentadas no laço, múltiplos níveis de acesso e uma reconstrução dos circuitos internos da central na tecnologia SMD, prezando pela velocidade de processamento e robustez contra intempéries.

SIEMENS

Foto: Siemens

A Siemens combina os mundos real e digital em tecnologia para automação, digitalização industrial, softwares, sistemas de energia, edifícios e indústrias. Entre elas estão as soluções em alarme de incêndio com portfólios que atendem diferentes aplicações como as linhas americanas Cerberus PRO Compacta e Modular, que têm certificação UL e FM, linha europeia Cerberus PRO, com certificação EN-54 e FM e, ainda, a Cerberus ECO, fabricada na China e com excelente custo-benefício.

 

De acordo com o head da unidade de Buildings, André Lino, os SDAI possibilitam detecção rápida e precisa de sinistros com identificação visual da localização do fogo, alarmes coordenados para evacuação eficiente e comunicação de voz integrada para apoiar procedimentos de emergência. “Um fator que destaca este sistema são os detetores com a ASAtechnology. São os únicos do mercado que oferecem uma avançada análise de sinal e conjuntos de parâmetros selecionáveis. Como resultado, garantem a detecção muito rápida e altamente confiável dos critérios de fogo que são a fumaça, o calor e o monóxido de carbono, mesmo nas áreas de aplicação mais exigentes – desde os data centers às instalações de produção industrial”, explica.

Outro recurso embarcado é a ISOtechnology, uma tecnologia integrada em seus principais dispositivos de campo de sistemas contra incêndio. Ela oferece relatórios em tempo real de localização de falhas de fios, redução de manutenção e proteção aumentada contra curtos-circuitos. Isso resulta em um sistema de segurança mais confiável e seguro.

A Cerberus Pro Compact e Cerberus Pro EN já possuem o protocolo BACnet integrado em sua placa, o que possibilita a conexão direta com o sistema de gestão Cerberus DMS, exigindo somente um cabo de rede como interface.

A linha de notificação ACEND oferece um portfólio de dispositivos de notificação convencionais para ambientes internos que atendem a qualquer necessidade de qualquer instalação e maximiza a segurança contra incêndios. A notificação ACEND possui numerosos recursos que a diferenciam, incluindo o menor consumo de corrente.

Lino explica que dispositivos de detecção com ASAtechonology, altamente sensíveis, são as únicas do mercado com garantia de não ter alarme falso. “A conectividade remota garante melhores opções de serviço e tempos de resposta mais rápidos, o que elimina a necessidade de supervisão do Corpo de Bombeiros”, ressalta.

CHANDER FIRE DO BRASIL

Foto: Chander Fire

A Chander Fire do Brasil é uma empresa brasileira especializada em desenvolvimento e fabricação de soluções inovadoras para proteger pessoas e patrimônios, com segurança em diferentes segmentos da indústria e de serviços. Segundo o gestor estratégico da companhia,  Michael Lai, por serem detentores de uma tecnologia própria, podem oferecer soluções pontuais para os clientes.

“Todos os nossos elementos periféricos são simultaneamente pontos de entrada e saída ocupando um só endereço. Nossos detectores incorporam um sinalizador sonoro embutido e os acionadores manuais e módulos incorporam uma saída para sirene possibilitando diversas opções de temporização e setorização. Graças a isso, conseguimos atender projetos complexos com sistemas menores com menor custo para o cliente”, explica.

Recentemente, conforme ele, houve o lançamento da linha de acionadores e sirenes verticais, visando facilitar a montagem e manutenção. Os acionadores foram desenhados para montagem sobre caixa padrão 4×2 com opções de sobrepor e embutir. Outra novidade é o repetidor compacto, que oferece informações redundantes da central em um painel remoto compacto.

Segundo Lai, a Chander oferece soluções na linha de detecção e alarme de incêndio desde centrais convencionais de 24 laços, para instalações simples, até sistemas endereçáveis para 125, 500 e 1000 pontos. Todos são microcontrolados e podem ser programados e customizados pelo usuário.

SMH SISTEMAS

Foto: SMH

Com mais de três décadas de experiência na proteção de ambientes de missão crítica e riscos especiais, a SMH Sistemas atua para proteger vidas e minimizar prejuízos patrimoniais em locais onde a continuidade das operações é indispensável como data centers, ambientes hospitalares, centros de controle de tráfego, plantas industriais, instituições financeiras e também em infraestruturas de telecomunicações, onde o combate a prevenção a incêndios tem sua importância maximizada.

“É nesse contexto que a SMH Sistemas oferece soluções completas e integradas. Desde o desenvolvimento de projetos técnicos até a instalação de sistemas avançados de detecção e supressão de fogo, a empresa cobre todas as etapas para garantir a segurança de seus clientes. Além disso, asseguramos manutenções regulares e serviços de retrofit, para manter os sistemas sempre atualizados e eficazes para uma proteção contínua e confiável”, frisa o diretor técnico e comercial, Claudemir Mantovam.

Segundo o executivo, a SMH Sistemas oferece soluções completas, com pacotes customizados de serviços que incluem desenvolvimento de projetos até a instalação, manutenção e retrofit dos sistemas de prevenção e combate a incêndio. A empresa tem as certificações ISO 9001 (Sistema de Gestão da Qualidade), ISO 37301 (Sistema de Gestão de Compliance) e ISO 37001 (Sistema de Gestão Antissuborno), equipe própria e qualificada e, ainda, atendimento em todo o país para o suporte adequado aos clientes.

“Somos integradores de sistemas de detecção e alarme de incêndio e trabalhamos com fabricantes reconhecidos mundialmente pela qualidade e performance de seus equipamentos. Acompanhamos as inovações e lançamentos do mercado e aplicamos em nossos projetos, equipamentos certificados por instituições de renome referenciadas pela NFPA”, conclui Mantovam.

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