Recentemente, ocorrências envolvendo acidentes com pneus, seja na fabricação desse item, seja nas atividades em borracharias, acende o alerta para medidas de segurança e prevenção a essa população trabalhadora, que representa 11,199 empregados em 2024 (serviço de borracharia para veículos automotores), segundo o Observatório Setorial Territorial, plataforma do Sebrae.
O primeiro caso foi em uma fábrica de Santo André (SP), resultando no óbito de Daniel da Silva Saraiva, 37 anos, ao desenroscar a manta de borracha com a máquina em operação e acabou sendo atingido na cabeça por lâminas de corte. Já o segundo aconteceu em Porto Alegre (RS), quando um trabalhador de 21 anos, que não foi identificado, morreu após a explosão de um pneu de caçamba durante a manutenção em uma borracharia, na região de Canoas.
Alexandre Quadrado, diretor comercial da Excelsior Pneus, ao SBT News, reforça que qualquer tipo de pneu, quando mal manipulado, pode causar lesões, inclusive sérias. “A manutenção preventiva também é fundamental. As trincas, por exemplo, acontecem nas rodas de liga leve, que equipam a maioria dos carros hoje. Com pressão insuficiente e estradas esburacadas, o risco de a roda avariar é muito maior. Uma dica é manter a pressão do pneu bem regulada. Outra recomendação é montagem e calibragem serem feitas por pessoas capacitadas, sempre usando os equipamentos adequados para a função”, descreve.
Eis a obrigatoriedade de fornecimento de EPIs, como luvas, durante a manipulação do pneu e as chamadas gaiolas, indicadas para proteger o operador de acidentes que possam ser provocados por partes da roda, pneu ou aro, eventualmente arremessados ao inflar pneus de veículos médios e pesados.
Cuidados na jornada laboral com pneus
Capacitar. Esse é o verbo crucial em uma atividade de risco como a fabricação e manutenção de pneus, tanto que entidades da categoria estão se mobilizando para a promoção de ações dentro desses ambientes de trabalho, o que envolve a checagem de maquinários e orientações às equipes.
Márcio Ferreira, presidente da Federação Nacional da Borracha (Fenabor) e do Sindicato dos Borracheiros da Grande São Paulo e Região (Sintrabor SP), ressalta que há uma intensificação nos pedidos de treinamentos com as máquinas, seja a quem está começando na função, seja aos que já estão há muito tempo e devem se atualizar.
Em entrevista ao Repórter Diário, o sindicalista ressalta que essas dinâmicas devem ser feitas de maneira contundente. Em sua visão, não é suficiente um trabalhador operar uma máquina com poucos dias de treinamento, e sim ter uma capacitação periódica e constante.
Afinal, as possibilidades de acidentes, fatais ou perigosos, são grandes quando não há uma cultura preventiva e de capacitação para tal.
Importância da CIPA
Um ponto importante é a valorização da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio (CIPA). Domingos Lino, especialista em Saúde do Trabalhador e Bolsista na Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), ministrou no Sintrabor uma palestra sobre o assunto, com enfoque na saúde mental.
Lino salienta que o principal papel dos cipeiros está na escuta ativa com os trabalhadores. “É importante considerar a experiência e sentimentos em relação ao processo e às condições de trabalho. Nunca se deve subestimar as informações dadas pelos trabalhadores, e todas devem ser consideradas e registradas”, pontua.
			        

												