A safra do cultivo de cana 2024/2025 é marcada pela estiagem severa e incêndios em regiões de São Paulo (maior produtora e considerada a mais afetada), Minas Gerais e outros estados do Centro-Sul brasileiro. Segundo a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), ao Estadão Agro, a região Centro-Sul do país teve 414 mil hectares de canaviais consumidos pelo fogo ano passado, com prejuízos que somam R$ 2,67 bilhões e quebra na safra estimada em 15%.
Na tentativa de sanar tal cenário e evitar danos maiores, especialmente nas comunidades do entorno, as usinas utilizam tecnologia combinada com ações naturais no combate e prevenção das chamas em canaviais.
Composto orgânico proveniente da própria cana-de-açúcar, sendo um subproduto na produção de etanol, a vinhaça é um dos recursos. Ela já é aplicada anteriormente (regulamentada pelo Plano de Aplicação de Vinhaça – PAV) por conter nitrogênio, fósforo e potássio, substâncias fundamentais às culturas agrícolas. Agora, também é usada na irrigação de maneira localizada, o que garante sustentabilidade, economia de água (ideal na estiagem) e redução de uso de fertilizantes.
Monitoramento via satélite
Uma indústria canavieira em Olímpia, SP, entrevistada pelo R7, a aplica em 30 mil hectares, além de investir em tecnologia via satélite em suas operações e no monitoramento da cana, agilizando sua resposta a incêndios, e com índice de diminuição de ocorrências em 50% na última safra.
“Quando detectamos o foco de incêndio, já acionamos a brigada e informamos o ponto por meio de geolocalização. Fica, assim, fica muito mais assertivo o trajeto da equipe até o local. É possível ver a fumaça de um incêndio, mas não temos com precisão onde está o problema. Por meio dessa tecnologia, fica mais fácil e rápido esse acesso”, comenta Rafaela Tiemi Shiota, gestora corporativa de meio ambiente da usina.
Sem fogo
Por parte das usinas bioenergéticas são feitas fortemente ações e estratégias preventivas, porém é sabido que boa parte dos incêndios ocorrem de maneira indiscriminada. Para tanto, ações públicas investem em campanhas de conscientização e enfrentamento dessas ocorrências.
A Operação SP Sem Fogo, por exemplo, estima que a região deverá sair do status crítico para incêndios (vermelho) para o verde (considerado mais confortável) em meados do mês de dezembro. Até lá, blitz nas lavouras, campanhas educativas nas comunidades e treinamentos estão no rol de atividades aplicadas.
Carolina Matos, especialista ambiental da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, ao Estadão Agro, salienta que além de acidentes, destruição de florestas, animais e culturas agrícolas, as queimadas também podem causar pânico a quem teme perder seus bens. “Há pessoas que, no desespero de salvar a propriedade, eventualmente acabaram se ferindo”, alerta a especialista.