O papel das mulheres no desempenho de suas funções dentro dos Corpos de Bombeiros pelo Brasil cada vez mais demonstra a importância de suas participações, que vão desde o combate a incêndios até atividades mais complexas, como o resgate veicular e técnicas de mergulho.
Contudo, o caminho é ainda longo a ser percorrido: segundo dados do “Raio-X das Forças de Segurança Pública do Brasil”, estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em 2024 pelo Valor, elas representam 14,5% das corporações brasileiras. Por estados, Amazonas e Amapá contam com 34% de bombeiras, enquanto Ceará (4%) e Rio Grande do Norte (6%) apresentam as menores taxas. Já Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná e Santa Catarina têm 8% do seu efetivo composto por pessoas do gênero feminino, afirma a matéria.
Combate e prevenção de incêndios
De acordo com o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), vinculado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), apenas em 2023, do total de brigadistas contratados, foram 80 mulheres, sendo 24 indígenas. No mesmo ano, o Ibama formou, além das 80 mulheres brigadistas, quatro brigadas voluntárias femininas, culminando em 100 pessoas.
“As mulheres possuem capacidade física e emocional para atuar em conjunto com os homens em ações de Manejo Integrado do Fogo”, salienta Paula Mochel Pereira Lima, chefe da Divisão de Prevenção (Dpea).
Nas atividades mais complexas, as mulheres têm destaque. Em São Paulo, o 8º Grupamento de Bombeiros de Santo André realizou em maio a formatura de seu curso de Mergulho, que começou com 18 alunos e foi concluído por 14, entre eles a soldado PM Letícia Pio Horácio, 24 anos, a primeira mulher a se formar como mergulhadora na região.
Segundo reportagem do Diário do Grande ABC, a seletiva foi criteriosa, com bombeiros de municípios do Grande ABC, capital paulista e Sorocaba. “Foram 45 dias de muito aprendizado, muita superação e fico feliz em ter representado as mulheres que são a minoria na nossa profissão, ainda mais no curso mais difícil do Corpo de Bombeiros”, comemora.
Em Cuiabá, pela primeira vez, o 3º Desafio Estadual de Salvamento Veicular, promovido pela corporação de Mato Grosso (CBMMT), contou com a participação de uma equipe formada exclusivamente por mulheres. Denominada Rescue Fem e estreante na competição, sete bombeiras militares que formavam o grupo teve desempenho de destaque, conquistando o terceiro lugar entre as dez equipes participantes.
“A equipe feminina prova a plena capacidade das mulheres em atuarem também em atividades técnicas e exigentes, como o salvamento veicular, operando ferramentas pesadas e específicas para o desencarceramento de vítimas presas em ferragens, com o principal foco retirada segura da vítima”, endossa tenente-coronel BM Poliana Keila Cândido Sobrinho Simões, idealizadora do time.
Parcerias
As parcerias também são primordiais no fortalecimento das mulheres na categoria. No Acre, o CBMAC e a Universidade Federal do Estado (Ufac) se reuniram para discutir detalhes de parceria para o 11º Encontro Nacional de Bombeiras Militares, a ocorrer pela primeira vez na região Norte, promovido pelo Conselho Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil.
“O evento propõe levar em pauta a valorização das bombeiras militares e a construção de políticas públicas voltadas às que atuam no Sistema Integrado de Segurança Pública. A Ufac é um cartão postal do estado e, desde o início, foi cogitada a sediar o evento. Trazer o encontro ao Acre valoriza o protagonismo das mulheres na segurança pública e mostra ao Brasil quem somos”, conclui major Francisca Fragoso, do CBMAC.