O Brasil enfrenta uma onda de incêndios florestais de grandes proporções, que têm devastado biomas em diferentes estados e mobilizado forças-tarefa em uma corrida contra o tempo e as condições climáticas extremas. De lavouras de cana-de-açúcar na divisa entre Mato Grosso do Sul e Goiás, a parques estaduais em Mato Grosso e Tocantins, o fogo se alastra de forma assustadora, destruindo a fauna e a flora, ameaçando comunidades indígenas e quilombolas, e impactando a saúde da população.
A situação é crítica em diversas frentes, e a atuação conjunta de Corpos de Bombeiros, Exército, brigadistas e voluntários se torna essencial para conter a destruição.
A gravidade da situação ficou evidente na divisa entre Chapadão do Sul (MS) e Chapadão do Céu (GO), onde um incêndio em uma lavoura de cana-de-açúcar paralisou a BR-060. As chamas se espalharam rapidamente, impulsionadas pela vegetação seca, baixa umidade do ar e ventos fortes. Equipes do Corpo de Bombeiros dos dois estados agiram em conjunto para controlar o fogo, que chegou a bloquear totalmente a rodovia. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) confirmou o fechamento da via pela manhã devido à fumaça, mas a liberação ocorreu no início da tarde, após o controle das chamas. Até o momento, a causa do incêndio e a extensão da área afetada permanecem desconhecidas.
Ocorrências no Centro-Oeste
Em Mato Grosso, a situação é ainda mais alarmante. O município de Barra do Garças decretou estado de emergência devido aos inúmeros focos de incêndio que atingem o Parque Estadual da Serra Azul e a Serra do Roncador. O decreto, com validade de 180 dias, permite a adoção de medidas urgentes, como a compra de equipamentos e a contratação de profissionais para reforçar o combate.
O fogo, que começou em 4 de setembro, avança perigosamente em direção a fazendas e à Terra Indígena São Marcos, com cerca de cinco mil hectares de mata já destruídos. Os bombeiros, em operação conjunta com o Exército e brigadistas, montaram uma sala de situação dentro do parque para monitorar o incêndio em tempo real. A Secretaria de Meio Ambiente (Sema) fechou oque para visitação, buscando otimizar as estratégias de combate em meio às condições climáticas extremas.
O prefeito de Barra do Garças, Dr. Adilson Gonçalves, reforçou que a colaboração da população é fundamental para evitar a propagação das queimadas, lembrando que a prática é crime. A população pode fazer denúncias através do site da prefeitura, pelo WhatsApp da Secretaria de Meio Ambiente (66) 99263-6035, ou pelos números de emergência do Corpo de Bombeiros (193), da Polícia Militar (190) e da Polícia Ambiental (65) 98170-0328.
Jalapão sob Ameaça
A tragédia ambiental também se estende ao Parque Estadual do Jalapão, um dos principais cartões-postais do Tocantins. O bioma, conhecido por sua biodiversidade e por abrigar comunidades tradicionais, como o Quilombo Mumbuca, enfrenta um dos piores cenários de queimadas dos últimos anos. As chamas já destruíram extensas áreas de vegetação nativa e colocam em risco a identidade cultural e a economia local, baseada na produção artesanal de capim-dourado.
Diante da gravidade da situação, a deputada estadual Cláudia Lelis (PV) apresentou um requerimento solicitando ao Governo do Estado o apoio do 22º Batalhão de Infantaria do Exército, sediado em Palmas, para reforçar o combate. A deputada ressaltou a necessidade de uma força-tarefa para proteger o patrimônio ambiental, cultural e turístico do Jalapão.
Apesar do empenho das brigadas estaduais e de voluntários, a dimensão do incêndio exige uma resposta mais ampla e urgente. A integração de esforços entre as esferas de governo e as Forças Armadas é vista como a única forma de conter o avanço do fogo e salvar as riquezas naturais e culturais da região.