Em entrevista à CBN Brasília, Priscila Solís, professora do Departamento de Ciência da Computação da UNB e coordenadora do projeto ‘Sem Fogo DF’, explica como é utilizada a inteligência artificial para monitorar e prevenir incêndios florestais na capital federal.
Segundo a professora, o projeto conta com ferramentas da inteligência artificial para identificar focos de incêndio no Cerrado, com uma detecção de duas fases. Para isso, são empregados dois algoritmos: o primeiro é responsável por identificar a presença de fumaça nas imagens, enquanto o segundo algoritmo faz um zoom na imagem para uma segunda verificação. Com base nessa análise, os sistemas de alerta recebem informações sobre a probabilidade de fogo nos locais monitorados.
Apoio da Inteligência Artificial
“As câmeras ficam o tempo todo monitorando as áreas que elas cobrem”, explica. “O primeiro algoritmo, ele faz uma detecção da fumaça em um quadrante da imagem, e o segundo funciona como se fosse uma pessoa, entendeu? Você identifica, em uma área grande, a fumaça e, depois esse segundo algoritmo, ele aproxima dessa área em que foi identificada a fumaça e faz uma segunda verificação. Então, a gente chama esse modelo de detecção de duas fases”, explicou.
“São dois algoritmos que identificam, dão a probabilidade de fogo, que é enviado então para um sistema de alerta, em que os bombeiros e a Fema (Fundo Especial de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) têm acesso e aí eles, de fato, clicando nesse alerta, podem ter acesso imediato à câmera e fazer uma verificação em tempo real do local onde está o fogo.”
Fator IA x Fator Humano
Umidade do ar, temperatura média, alterações no clima, particularidades do bioma, declividade do terreno, velocidade do vento, qualidade do solo e ocupação do território. Tudo isso influencia se uma chama pode se tornar ou não uma grande queimada. Esses são os indicadores analisados e contabilizados pelas climatechs, como a umgrauemeio, que iniciou as operações em 2020 e já monitora mais de 20 milhões de hectares pelo mundo. Como atuam analisando imagens de mais de 20 satélites, eles conseguiram escalar a operação para além do território brasileiro. Tanto que o seu maior mercado, no momento, é Portugal.
Nessa equação, de acordo com notícia no Fast Company Brasil, no entanto, há um fator incapaz de ser controlado ou previsto pela inteligência artificial: o fator humano.
De acordo com estudo do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), 84% dos incêndios iniciados no pantanal são causados por atividade humana. Além disso, são as pessoas, não a tecnologia, que decidem como os sistemas serão usados.