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Identifique riscos invisíveis e proteja a saúde dos trabalhadores

Riscos ocupacionais invisíveis – Perícia técnica e abordagem preventiva e multidisciplinar ajudam na gestão dos perigos ocultos e impulsionam a produtividade e sustentabilidade das empresas

Por Sofia Jucon

No dinâmico ambiente corporativo, onde a busca por eficiência e resultados impulsiona as atividades diárias, uma ameaça sutil e, muitas vezes, negligenciada, espreita nos bastidores: os riscos ocupacionais invisíveis. Exposição prolongada a agentes químicos, vibração incessante de maquinários pesados e a adoção de posturas inadequadas são apenas alguns exemplos desses perigos silenciosos, capazes de minar a saúde dos trabalhadores e comprometer a estabilidade das empresas.

Com vasta experiência no campo, Edgar Bull, engenheiro civil e especialista em segurança e higiene ocupacional lança luz sobre a natureza insidiosa desses perigos e alerta para a urgência de uma abordagem preventiva. “Ao contrário dos riscos ocupacionais convencionais, como agentes químicos e físicos, que podem ser facilmente identificados e mensurados por meio de inspeções técnicas e equipamentos especializados, os riscos psicossociais se manifestam de forma mais sutil e complexa. Portanto, não podem ser capturados por equipamentos ou avaliações visuais”, atenta.

Edgar Bull, engenheiro civil e especialista em segurança e higiene ocupacional. Foto: Divulgação

Perícia técnica

Essa característica multifacetada exige uma abordagem holística e multidisciplinar para a identificação e o gerenciamento eficaz desses riscos. “A perícia técnica especializada, com a participação de engenheiros, médicos e psicólogos, torna-se indispensável para garantir a precisão do levantamento técnico e a proteção tanto dos trabalhadores quanto das empresas”, enfatiza Bull.

De acordo com ele, a perícia técnica visa, de forma preventiva, identificar os agentes de risco que ameaçam a integridade dos trabalhadores. “A negligência no controle desses riscos pode resultar em lesões, doenças e transtornos graves, além de impactar negativamente os custos da empresa”, alerta Bull.

Embora muitos empregadores estejam atentos aos perigos visíveis, como máquinas mal protegidas ou quedas de altura, são os riscos invisíveis que mais frequentemente escapam ao radar. Por isso, Bull alerta que são muitos os desafios para a identificação e controle desses tipos de riscos, como a vibração em operadores de máquinas pesadas e a exposição a agentes químicos. Ele destaca que nesses casos, os principais desafios são o reconhecimento e a identificação da relevância desses riscos. “Somente um profissional com experiência e com equipamentos adequados poderá identificar, reconhecer e medir a significância da exposição”, enfatiza.

Edgar Bull destaca a aplicabilidade da perícia técnica em empresas de todos os tipos e portes. “A própria Consolidação das Leis do Trabalho, em seus artigos 193, 192 e 195, aborda os adicionais de insalubridade e periculosidade”, observa. No entanto, ele cita que a gama de agentes ambientais que exigem análise é vasta, e somente um perito especializado pode realizar essa avaliação preventiva.

Para Bull, a perícia técnica prevensionista antecipa qualquer processo trabalhista que envolva a matéria técnica e auxilia a empresa a proporcionar medidas de prevenção que ajudarão a prevenir o passivo trabalhista. “Simultaneamente, essas mesmas medidas vão auxiliar os trabalhadores a se ativarem com mais qualidade de vida e ter um rendimento com mais saúde e sustentável. Trata-se de algo técnico e de responsabilidade social”, aponta.

Foto: FreePik

Ele destaca ainda a importância do laudo pericial, resultado da minuciosa análise técnica, que emerge como um instrumento valioso para as empresas na busca por um ambiente de trabalho mais seguro e saudável. “O laudo técnico detalha as análises realizadas e as conclusões obtidas, servindo como base para a elaboração de um plano de ação eficaz na mitigação de riscos e na otimização da qualidade do trabalho”, explica Edgard Bull.

A implementação das recomendações do laudo não apenas resguarda a saúde dos trabalhadores, mas também impulsiona a prosperidade da empresa. “Empresas sadias são o reflexo de trabalhadores sadios!”, enfatiza Bull. “O laudo pericial é como um guia para a tomada de decisões estratégicas, impulsionando a melhoria contínua do ambiente de trabalho e a construção de uma cultura de segurança robusta”, menciona.

Sinergia e equipe multidisciplinar

A recente atualização da NR-1, com a inclusão dos riscos psicossociais, redefine o panorama da segurança ocupacional e eleva a equipe multidisciplinar ao protagonismo na prevenção e gestão dos riscos invisíveis. No cerne desse time de especialistas, segundo Edgar Bull, o engenheiro emerge como figura central, responsável por orquestrar e liderar a força-tarefa.

“Cabe ao engenheiro o papel de aglutinar e conduzir a equipe multidisciplinar. Ele é o responsável por identificar as exposições delineadas pela equipe e por elaborar o programa de gerenciamento de riscos. A colaboração entre os profissionais e a empresa se traduz na definição de planos de ação para o tratamento e monitoramento dos riscos”, explica.

O médico, por sua vez, conforme Bull, assume a missão de avaliar o impacto dos riscos na saúde mental dos trabalhadores e de mapear as patologias que podem emergir da negligência. “É fundamental compreender a relevância desses riscos para a saúde mental e antecipar as doenças que podem se manifestar”, destaca o especialista.

O psicólogo, munido de ferramentas como as avaliações psicossociais, complementa o trabalho da medicina do trabalho, traçando um panorama da saúde mental dos trabalhadores e delineando as condutas de tratamento. “As avaliações psicossociais são instrumentos poderosos que auxiliam médicos e engenheiros na tomada de decisões”, explica Bull. Para ele, a sinergia entre esses profissionais se revela como a chave para desvendar os mistérios dos riscos invisíveis e para construir um ambiente de trabalho seguro e saudável.

O especialista ressalta a importância da sinergia entre a perícia técnica e a higiene ocupacional na construção de um ambiente de trabalho seguro e saudável. De acordo com Bull, a ciência da segurança do trabalho, alicerçada nos princípios da higiene ocupacional, busca traduzir os dados em planos de ação viáveis e eficazes para as empresas.

Nesse âmbito, os técnicos de segurança do trabalho desempenham um papel importante na aplicação prática dos resultados da perícia técnica. “É fundamental que compreendam a metodologia utilizada na perícia e alinhem suas ações com o plano de ação resultante”, enfatiza o engenheiro.

Além disso, a colaboração entre os técnicos e a equipe da perícia é essencial para o sucesso das medidas preventivas. “A construção de soluções eficazes exige a participação ativa dos técnicos, que vivenciam o dia a dia do trabalho e acompanham de perto os processos. A integração entre os técnicos e os peritos garante a uniformização dos critérios e o alcance dos objetivos de segurança. Devemos lembrar que a segurança do trabalho é uma construção coletiva, onde a expertise da perícia técnica e a atuação dos técnicos de segurança se complementam para proteger a saúde e a integridade dos trabalhadores”, analisa.

A mudança de paradigma proposta pelo especialista é clara: investir em prevenção não é um gasto, mas sim um passo fundamental para o sucesso empresarial. “Ao priorizar a saúde e a segurança, a empresa colhe os frutos da maior produtividade, da redução de custos e da construção de um ambiente de trabalho onde a saúde e o bem-estar dos trabalhadores são valorizados. O resultado final é uma empresa economicamente sustentável e socialmente responsável”, avalia.

Foto: FreePik

Edgar Bull vislumbra um futuro promissor para a segurança ocupacional no Brasil, condicionado à adaptação aos avanços tecnológicos e às novas dinâmicas do mercado de trabalho. Para ele, a educação se revela como a pedra angular dessa transformação.

Ele observa que a formação técnica dos profissionais da área deve priorizar a conscientização de que a segurança e a saúde no trabalho transcendem o uso de equipamentos de proteção individual e a realização de exames admissionais. “A segurança do trabalho é uma ciência prevencionista, uma área transversal que permeia todas as atividades da empresa, exigindo a sinergia de todos os setores para a proteção dos trabalhadores”, expõe.

O especialista vislumbra um futuro promissor para a segurança ocupacional, mas ressalta a necessidade de conscientização e ação por parte das empresas. Segundo ele, a lógica é irrefutável: empresas são construídas por pessoas, e o cuidado com essas pessoas se traduz em prosperidade empresarial. “O bem-estar dos trabalhadores é o alicerce do sucesso empresarial. A formação de profissionais comprometidos com a segurança, que compreendam a simbiose entre ‘empresa sã’ e ‘trabalhador são’, é fundamental para a construção de um futuro sustentável”, declara.

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