Há um ano, o Rio Grande do Sul (RS) enfrentou uma das consideradas mais drásticas tragédias climáticas na região: fortes chuvas provocaram uma enchente com saldo de 183 mortes e 27 pessoas desaparecidas. À época, o nível do Rio Guaíba, em Porto Alegre, passou dos quatro metros e segundo a Defesa Civil do estado, ao todo, 478 municípios foram atingidos por inundações, quedas de barreiras e deslizamentos de terra.
Tal ocorrência desencadeou a resiliência, união de forças entre estados e também uma resposta mais efetiva por parte do estado. Para tanto, foi criado o Plano Rio Grande (Lei 16.134, de 24 de maio de 2024), que atua nos eixos emergencial, reconstrução e desdobramentos. Entre seus escopos estão o restabelecimento e a construção de alternativas para infraestrutura logística e de mobilidade urbana, rural e de serviços públicos, em especial os essenciais à população (saúde, educação e segurança), bem como condições habitacionais, com foco na população vulnerável e diretamente atingida.
O RS também está realizando uma programação especial em 2025 para marcar a data, com exposições e exibição de documentário, e o Conselho do Plano se reuniu para apresentar um balanço das principais ações realizadas, “incluindo demandas recebidas e soluções encaminhadas”, informa matéria do Correio do Povo.
Integração nem prol do Rio Grande do Sul
Mesmo com cenário tão doloroso, graças a solidariedade de pessoas e corporações de bombeiros pelo Brasil, as proporções do desastre não foram maiores.Durante reunião extraordinária do Conselho Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil (Ligabom), na cidade de Garibaldi, Serra Gaúcha, em agosto último, coronel Washington Luiz Júnior, comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (CBMGO) e presidente do Ligabom, enfatizou o legado que essa adesão proporcionou.
“Temos mais de 85 mil bombeiros e um país de dimensão continental, que enfrenta secas em uma região, enquanto enchentes afetam outra parte do território. E o Ligabom, a partir da articulação entre todos os comandantes, pode acelerar ainda mais a disponibilização de efetivos e equipamentos para locais onde se fizerem necessários”, frisou em sua fala.
O governador do estado, Eduardo Leite, presente no evento, arrematou que a integração e os serviços prestados por bombeiros de todo o território nacional no enfrentamento às enchentes foram primordiais. “Os mais de mil militares que foram fundamentais no salvamento de milhares de vidas. Mas um efeito difícil de expressar é o apoio à nossa população e, especialmente, aos colegas do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul (CBMRS). A certeza de que não estamos sozinhos trouxe forças a superar e a reconstrução que estamos conduzindo com o Plano Rio Grande”, enfatizou.
Treinamento conjunto
As capacitações entre corporações são fundamentais e vão além da expertise, tornam-se um compromisso em fortalecer o bem maior: o salvamento de vidas. Em abril último, a corporação em Bento Gonçalves, RS, participou de um treinamento técnico de resgate em águas rápidas realizado na cidade de Três Coroas, também no estado, e contou com militares do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) e do Batalhão de Emergências Ambientais e Resposta a Desastres (BEMAD).
Noções hidrográficas, reconhecimento e manuseio de equipamentos para salvamento em ambientes aquáticos, técnicas de resgate, manuseio de embarcações movidas a remo, condução de embarcações, e um simulado noturno com múltiplas vítimas foram as didáticas aplicadas e compartilhadas entre participantes.
A iniciativa reforça o compromisso com o aprimoramento das ações de salvamento e a constante atualização, que são imprescindíveis em momentos diversos, o que inclui ocorrências tão marcantes e desafiadoras, como as enchentes no RS em 2024.
Foto: Marcos Fernandes – CBMRS