O dia 27 de julho marca a data nacional de conscientização de acidentes de trabalho, escolhida em 1972, quando foi regulamentada a formação técnica em Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT; portarias nº 3.236 e 3.237).
Muito embora o Brasil conte com normas e legislações pertinentes à Saúde e Segurança do Trabalho (SST), o cenário ainda é desolador: cada três horas, uma pessoa falece vítima de atividade laboral. E, em 2024, registrou mais de 740 mil acidentes de trabalho, de acordo com o Observatório de Saúde e Segurança do Trabalho (Smartlab).
Para Regilane Assunção, gerente de Recursos Humanos (RH) da IBL Logística, o papel do departamento de RH deve ser crucial na prevenção, indo além da garantia que as normas sejam cumpridas, cultivando uma cultura organizacional onde a segurança seja prioridade.
“Muitos acidentes ocorrem por falhas na implementação de medidas de segurança, falta de treinamento adequado, negligência no uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e condições de trabalho perigosas”, diz a especialista.
Prevenção de acidentes
A data destaca importância da prevenção, cultura de segurança e ações conjuntas para reduzir acidentes e proteger trabalhadores. “É necessário promover treinamentos contínuos, incentivando a comunicação aberta sobre riscos e implementando práticas proativas que antecipem e mitiguem potenciais perigos”, ressalta Regilane Assunção, ao blog Mirian Gasparin.
Ana Cláudia Campos Peixoto, gerente de gente na plataforma de empregabilidade Sólides, salienta que a combinação de escuta ativa e campanhas educativas sobre prevenção devem ser uma premissa dentro das organizações. “Pode ser que os funcionários já conheçam e pratiquem a cultura de segurança da empresa, mas também que precisem relembrá-los em alguns pontos. Portanto, é interessante preparar um material que relembre e traga novidades a serem colocadas em prática”, descreve.
Articulações na Justiça
Os Tribunais que lidam com ações trabalhistas são a porta de contato para o cumprimento de regramentos e também na elaboração de ações educativas. Em Alagoas, o Tribunal de Justiça (TJAL) conta com uma equipe especializada em SESMT, formada por médicos, engenheiros e técnicos em segurança do trabalho, dedica à fiscalização e a prevenção de acidentes laborais.
O levantamento de 2020 do Observatório de Saúde e Segurança no Trabalho, elaborado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), mostra que o estado teve um aumento de 5% no índice em relação a 2021, ano que registrou 3.223 acidentes.
Tarcísio Moreira, médico no TJAL, alerta que, além dos acidentes, os trabalhadores devem se atentar a questão do adoecimento mental e a busca por ajuda em tais casos. “Muitas pessoas acabam sofrendo com problemas psicológicos por conta da rotina cansativa, pela pressão de bater metas e entre outros fatores. Com isso, é muito importante também procurar um acompanhamento psicológico”, ressalta, destacando outros cuidados, que podem ser incentivados dentro das empresas, como alimentação, pausas e prática de exercícios para o fortalecimento do corpo.
Já Marcos Lage, fisioterapeuta, engenheiro de Segurança do Trabalho e coordenador de Saúde Ocupacional do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA), frisa que atitudes simples os trabalhadores podem adotar no dia a dia para prevenir acidentes e manter um ambiente de trabalho mais seguro e saudável. “O risco ergonômico é o que chama mais atenção no Judiciário, tanto é que a atualização da Norma Regulamentadora 1 (NR-1) incluiu a avaliação dos aspectos ergonômicos, além de abordar os riscos psicossociais e as questões cognitivas e mentais”, afirma o médico, no Podcast Mais Saúde, iniciativa da Secretaria de Gestão de Pessoas (Segesp), em parceria com a Assessoria de Comunicação Social (Ascom) do TJBA.